10° Capítulo - Gaara: Detento A001901

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Gaara veio de uma família da alta classe. Tinha dois irmãos mais velhos, que foram fieis seguidores dos passos do pai. Eram obedientes e o serviam no que fosse. No início, o ruivo também agia da mesma maneira, mas de todo modo nunca foi aceito.

A primogênita, Temari, o olhava com piedade, mas por ordens do chefe da família fingia que não o enxergava. O filho do meio, Kankurō, costumava ser o seu melhor (e único) amigo na infância, mas de uma hora para outra as coisas mudaram.

Quando ainda era uma criança, uma noite terrível marcou sua vida para sempre. Teve de fugir às pressas com um tio, irmão de sua mãe. Gaara teoricamente nasceu prematuro, apesar de não ter sido um bebê muito menor do que os outros. Isso, porque as semanas de gestação da mãe não eram compatíveis com os 9 meses de gravidez a partir da noite de núpcias.

Infelizmente o parto não havia sido fácil, e na cidade pequena em que viviam, só haviam parteiras. Sem recursos, a mulher acabou falecendo ao dar à luz. O ruivo sempre acreditou que esse era o motivo do desprezo de seu pai, porque o culpava pela morte da esposa. Mas quanto mais crescia, menos aquilo fazia sentido.

Até a fatídica noite, quando o pai de Gaara encontrou cartas de amor do amante da falecida esposa. Nelas, ele dizia estar explodindo de felicidade por saber que teriam um filho, e deixava data e hora marcada para a fuga do casal. Seria um dia antes do seu casamento. Porém, algo obviamente havia saído errado, afinal de contas o matrimônio com o homem escolhido pelo pai da moça aconteceu, ainda que breve.

Ele teve a confirmação de suas suspeitas de tantos anos. Aquele menino não era seu filho. Era um bastardo maldito que o enojava só de olhá-lo. Por isso era tão desobediente e diferente dos outros. Havia algo nele muito errado, era amaldiçoado, marcado pelo diabo por ser fruto de um pecado.

Movido pelo ódio, queria era punir o menino para que dos céus, ou do inferno, sua falecida esposa visse as consequências de seus erros. Mas em amor à irmã e ao sobrinho, Yashamaru, o tio de Gaara, tentou fugir com a criança ao saber o futuro que o aguardava, da descoberta do cunhado.

Infelizmente, não havia sido rápido o suficiente. O viúvo os interceptou no caminho, e em uma disputa pelo pequeno, o tio acabou sendo baleado e morto em sua frente. Depois daquele dia, as coisas ficaram realmente difíceis para ele.

Depois de intermináveis surras, torturas em um quarto escuro com animais peçonhentos e privação de sono, o "pai" saciou a sede de sangue e resolveu apenas trancafiá-lo em um sanatório, afirmando que era esquizofrênico, possuído pelo demônio. Gaara vivia constantemente dopado sob o efeito da medicação que não precisava.

Sendo a única criança no local, também estava sempre sozinho. A única atividade que o fazia sentir um pouco de alegria era jardinagem. Cuidava da horta do local, regando as plantinhas e verduras todos os dias. Combatia as pragas e removia as folhas mortas. A época da colheita era o seu natal.

Adorava a suculência das hortaliças naturais. Para ele, a textura da terra em contato com suas mãos lhe trazia uma energia reconfortante, a da mãe natureza.

Infelizmente, depois de uma seca severa, nenhum vegetal resistiu, e a antiga horta foi extinguida, dando lugar a um monte de areia. Aquela foi a perda mais desoladora desde a morte de Yashamaru para Gaara.

Apesar disso, ele sempre perseverava, não importava a dificuldade, continuava vivo. Então não teve outra opção senão seguir em frente, em todas as vezes. Criou uma nova conexão, com a areia, que mesmo seca era resistente e abrigava vida. Foi também na areia que encontrou sua libertação. No local onde toda aquela areia repousava, o solo era mole, passível de ser cavado. E foi assim que o ruivo escapou de seu inferno, aos 14 anos de idade.

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