39° Capítulo - O motivo

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O barulho da lata que ecoou pelo ambiente atraiu definitivamente a atenção dos guardas, que passaram a se organizar para checar o interior do cômodo. Cuidadosamente, Jūgo foi o primeiro a se esgueirar para perto do bueiro. Puxou a grama sintética com as mãos, expondo a tampa de ferro sólido.

Gaara o ajudou a enfiar as mãos nas lacunas e a arrastar a tampa do bueiro. E ele foi o primeiro a entrar. A lanterna noturna percorreu o trajeto da estufa até lá. Eles se assustaram e paralisaram em seus lugares, mas não haviam sido pegos. O trajeto do farol aparentemente era padronizado. Ficaram então de olho no tempo que levaria para repetir.

Naruto e Sasuke tiveram de ser os próximos, afinal poderiam acabar os atrasando. Abaixados, correram rapidamente até o local indicado e desceram silenciosamente. O loiro entrou por último, e foi ajudado pelo Uchiha, que o apoiou.

Sai e Itachi vieram logo em seguida, faltava apenas Suigetsu e Jūgo. Enquanto o platinado evitava os policiais e se dirigia até lá, os presos respiraram aliviados por já terem passado pela pior parte. Na verdade, o cheiro não deixava ninguém aliviado, afinal nem tudo eram flores naqueles detalhes do plano.

O Uzumaki estava pensativo sobre sua relação com o moreno, não sabia como se sentir. Tudo sobre ele era complexo demais para tomar qualquer decisão impensada.

Bem, mais uma decisão impensada.

- Sobre o que está pensando, é verdade. – O Uchiha cochichou para ele.

- Huh? – Ele se assustou de leve. – Tch. Como se você soubesse o que estou pensando.

- Que eu traí você, que só me aproximei por interesse, que usei você.

Naruto não o olhou, manteve o olhar em seus próprios pés. Sentia-se um completo idiota por acreditar que o criminoso mais dissimulado da Akatsuki não agiria de tal forma consigo.

- Você é gostoso, eu assumo. E adoraria comer esse seu rabo delicioso, mas vamos ser realistas, Naruto...

"Pela segunda vez ele me chamou de "Naruto" e não "loirinho" ou "policial". O tom que usa é totalmente diferente..." – Ele pensou.

- ... eu sou um criminoso, um assassino, um Uchiha, e você é um policial fodido.

Ele não pôde impedir a própria feição de tristeza.

- Oh, não... Você vai chorar? Ficou magoado? Prefere que eu minta para você? Porque eu sei palavras ótimas, meu amor. Posso até dizer que te amo se te fizer se sentir melhor. – Abriu um sorriso maligno. - Tudo o que não queremos é um peso morto inerte choramingando pelos cantos. – Imitou um biquinho em deboche.

"Se eu não fizer isso, você não vai desistir de mim e olhar para esses olhos azuis me faz me questionar. Não tem outro jeito, você é devoto e fiel demais a alguém que gosta. Eu odeio isso, ser maldoso com você não é divertido como é com todo o resto, eu sinto que é realmente errado.

Mas eu não posso, loirinho... não depende só de mim. Há tantas pessoas envolvidas arriscando as suas vidas, a sua liberdade. O meu irmão veio para cá apenas para me tirar daqui, eu não posso mudar de ideia, não posso.

Espero não quebrar você a ponto de ser irremediável no futuro, mas honestamente, 50% da responsabilidade também é sua. Se você fosse um pouco mais esperto e tivesse amor próprio o bastante, não ficaria perto de alguém como eu. Você esteve pedindo por isso."

Naruto cerrou os dentes e os punhos. Sasuke não merecia nem mais uma palavra sua, mas não conseguiria se calar, precisava recuperar ao menos um pouco de sua dignidade. Depois de se sentir passado para trás por um mero presidiário era o mínimo que tinha que fazer.

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