Este capítulo vai trazer o pov do vilão da história, e outras surpresinhas... Além de Leon sendo Leon.
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Benício Manfredi estava irritado.
Ele não podia acreditar que mais uma vez viu seus planos serem interrompidos por Leon, o primo pobretão que só queria atrapalhar o fluxo do dinheiro que ele ganharia da maneira mais fácil possível!
O executivo fora informado por um de seus subordinados que Leon caminhava um pouco pelas madrugadas perto da ocupação, mas não sabia de mais nenhuma notícia – apenas que ele ajudava a liderança, e aquilo o deixou muito irritado.
- Eu não acredito que o imbecil quer ser anjo da guarda. Mas é a cara dele, daquele trombadinha, mulatinho claro, porque vocês sabem, a pele pode ser clarinha, mas não disfarça quem ele é: mulatinho. Mulatinho pobre, filho daquela preta pobre, que colocou na cabeça dele o espírito de miserável! Nojo, ranço daquele desgraçado!
Benício bradava em frente aos seus subordinados, mercenários contratados e pagos regiamente pelo empresário para tentar retirar as pessoas da ocupação na Avenida Sete, bem como fazer determinados serviços extras para Benício, que morava em um belo apartamento no Corredor da Vitória. Esses serviços eram solicitados quando o executivo precisava fazer seu cooper de madrugada e cruzava com moradores de rua pedindo dinheiro ou dormindo ao relento.
Odiava aquela visão, e se dependesse dele, retirava todos os moradores de rua a bala.
- Vamos tentar fazer uma invasão mais dura, chefe.
- Deem seu jeito. E o outro terreno lá no Bairro da Paz?
- Estamos resolvendo também. Lá tá um pouco mais complicado porque tem a polícia, e eles estão atrás dos traficantes... Mas a gente pode dar uma mãozinha, e dar uma limpada no esquema.
- Só tome cuidado para não pegar nenhum policial. Porque se eles descobrem o que a gente tá fazendo, a gente tá fodido.
- Relaxe, chefe, tenho alguns amigos que fazem parte. Eles olham pro lado e esquecem tudo.
Benício sorriu, otimista com as possibilidades.
Foi embora do local de encontro com os mercenários, um apartamento simples localizado em um bairro próximo à praia. Antes de comprar um apartamento no Corredor da Vitória, Benício usava o local para encontros com suas amantes.
Nunca foi casado e sempre mudou de namoradas como mudava os ternos caros de linho que usava; porém precisava encontrar uma esposa rica e de boa família para juntar fortunas.
Mas ele só faria isso depois que tirasse Leon do caminho. O problema para Benício era que Leon tinha mais ações que ele, e a única forma de fazer com que o primo perdesse a posição de CEO do conglomerado Manfredi era se ele colocasse alguma coisa contra Leon que o fizesse ser preso.
"O que eu posso fazer pra foder a vida de Leon? As brigas comigo e com Luiz Otávio, ele pode dizer que são apenas discussão de trabalho... Esses passeios da madrugada, por outro lado... Hmm... Vamos ver o que que ele está aprontando. Se tiver alguma coisa que possa queimar a imagem dele, eu acho que eu tenho um trunfo."
Dirigindo o carro, seguiu diretamente para a construtora, que ficava a poucos quilômetros dali. Estacionou o veículo na vaga que cabia aos membros da diretoria e seguiu sem cumprimentar ninguém. Todos conheciam no trabalho a fama de Benício Manfredi, que era bem parecido em gênio com Arturo, o falecido dono de tudo. Apesar de Leon ser fisicamente idêntico ao pai, quem herdara o temperamento Manfredi fora o sobrinho.
Todos conheciam bem Benício, que cresceu agarrado à imagem do tio – o mais próximo que possuía de uma figura paterna. O pai biológico acabou se drogando até morrer, e a mãe desapareceu após se casar com um figurão. Por isso, o rapaz sentia-se o centro do universo de Arturo; no entanto, as coisas mudaram quando o tio apareceu em casa, certa feita, com um garoto que parecia - para Benício - vindo de algum lixão.
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O Leão e a Ovelha
RomanceNas ruas do centro de Salvador, onde marginalizados, perseguidos e miseráveis não têm chance, é a voz doce e o carinho suave da irmã Imaculada o último fio de esperança no qual eles vão se agarrar. Até mesmo a polícia, representada pelo delegado Lob...