Lei da selva

564 97 10
                                    

Um grupo de pessoas fazia uma faxina animada em um quarto e sala no famoso edifício de apelido "Minhocão", no Politeama, localizado no centro da cidade. O prédio era comprido e sinuoso, por isso o apelido, e de um lado, com vista para a ladeira do Politeama, os apartamentos eram quarto e sala. Do outro lado, onde se podia ver a Concha Acústica, um dos mais belos palcos de Salvador, haviam apartamentos com dois quartos.

A escolha da moça que havia alugado o lugar em questão era um quarto e sala no quarto andar, bloco H - o último do prédio, com a vista pouco privilegiada da portaria e ao lado, crianças excessivamente animadas no playground do prédio vizinho, mas ela não se importava com nada daquilo. O que lhe interessava era ter uma casa, um teto para entrar e sair com certa privacidade e, mesmo não sendo uma casa própria, podia chamar de "seu".

- Você sabe que nunca vou ter como te agradecer por ter me deixado morar em sua casa, Jéssica...

- Amigas são pra isso, Fran! - as duas ensaiaram um abraço, mas estavam tão suadas e sujas de poeira que o máximo foram braços abertos, fingindo se abraçarem, mas uma barra de ar as separava. - E não se preocupe: você tá aqui pertinho!

- Assim que tiver tudo ok, a gente marca um almoço aqui, domingo, que tal?

- Eu tô dentro! - avisou Pietro, vindo da cozinha. - Levo os refris!

- Eu trago a salada de maionese! - Alisson surgiu acompanhado do garçom.

- Vou encomendar um bolo... - foi a vez de Leon aparecer do quarto da jovem, após passar a vassoura em todos os cantos.

- Eu trago pipoca, gente, porque dá pra estender pra ver um jogo! - Ravena se apresentou com a sugestão, enquanto terminava de ajeitar a cortina. - Tem jogo do Vitória 16h, se ganhar passa pra segunda fase e a gente sai desse inferno da série C.

- Boas falas, Ravena! - Leon bateu palmas, animadíssimo. - Você será a madrinha do nosso casamento! - envolveu Francisca em um abraço, a mão em sua cintura, enquanto a professora o observou, um tanto surpresa:

- Casamento? Mas a gente ainda tá no começo do namoro...

- Eu não sou homem de namorar, Maria Francisca da Conceição, sou homem de casar.

- Então arranje logo o anel pra colocar no dedo dela, espertinho! - Alisson riu alto, enquanto Leon revirou os olhos.

Era um clima agradável, entre amigos, com troca de ideias, conselhos, piadas e música. O mundo devia ser daquela forma - apenas alegria e união entre pessoas que se amavam mutuamente.

Porém, o mundo algumas vezes apresentava a realidade dura e injusta para aqueles que ainda depositavam alguma esperança nele. A decepção veio rápido, a uma vibração no celular, atendido por Alisson Lobo.

- Oi... O que houve, Cheva... O quê? Mas que disgra... Puta que pariu...

- Alisson? - o amigo não era de se exaltar de maneira ostensiva; por isso, Leon decidiu intervir. - O que houve?

Quando o delegado o respondeu apenas com um olhar, Leon entendeu que a situação era muito séria - e o envolvia.

Quando o delegado o respondeu apenas com um olhar, Leon entendeu que a situação era muito séria - e o envolvia

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O Leão e a OvelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora