A última presa

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Estou atrasadíssima com este capítulo, mas a semana que passou eu realmente estava esgotada e precisei dormir, de verdade, bastante. 

O capítulo sai hoje e ainda tem Ouro de Sangue que sai neste domingo.

(aliás, aproveito para informar que devem se despedir dos personagens de "O Leão e a Ovelha", pois eles estão indo embora...)

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Leon tinha adivinhado corretamente, mas não deixaria jamais de se surpreender com a audácia e a desfaçatez de seu primo.

Benício, com sua fuga, deixou a situação desesperadora para seus parceiros, porque a conspiração em torno dos mercenários chamados "homens de preto" tinha se tornado uma questão nacional.

Não apenas comandantes da polícia estavam envolvidos no esquema; alguns políticos e membros do governo do estado, especificamente da Secretaria de Segurança Pública; e da prefeitura municipal faziam parte, sustentando os mercenários e protegendo policiais corruptos. Leon entendeu finalmente por que muitas vezes o secretário parecia tão relutante em impedir que o grupo continuasse aterrorizando os moradores pobres no centro da cidade.

Eles estenderiam seu reinado de terror em outros bairros – era por isso que os traficantes viram os "homens de preto" no Bairro da Paz.

- Isso explica muita coisa... - comentou Raposo, sempre o mais sombrio dos três que estavam na sala do delegado Alisson Lobo. O que era compreensível, dadas as coisas que ele testemunhara enquanto esteve infiltrado no grupo. - Eles não apenas tinham interesse em expandir os negócios fazendo alianças com construtoras. É muito provável que esses grupos iam tomar também o espaço de traficantes, vendendo drogas.

- Quantas construtoras também estão envolvidas apoiando essa gente? Duvido muito que apenas Benício seja o único líder da gangue.

- Boa pergunta, Leon. Se a gente caçar mais fundo, pode achar um esquema muito maior.

- O governo do estado entrou em contato contigo? E a prefeitura? Já que nessas reuniões misteriosas que você participava, sempre tinha alguém de lá...

- Então, Alisson, digamos que as ligações que recebo são de pessoas que querem saber se eu sei a localização de meu primo. Não me parecem muito preocupadas, já que com o sumiço dele, o arquivo vivo não aparece pra largar o doce. Só que um representante da prefeitura quer negociar, saber se tem algum documento, alguma coisa que ele assinou, se tinham nomes a mais... Eles estão fodidos comigo, porque eu não negocio com criminosos. Eu faço algo melhor.

Leon ficou calado, olhando para um ponto naquela sala. Alisson, que conhecia o amigo desde que eles eram crianças de colo, não fazia ideia do que passava pela cabeça do executivo.

- Bem, faz sentido eles estarem contentes que Benício foi embora. Seria impossível extraditá-lo, ele tem cidadania italiana.

- O impossível não existe para aquele que é proativo, Alisson. – piscou o olho para o amigo e se levantou da cadeira, despedindo-se dos policiais.


As coisas na Avenida Sete estavam mais tranquilas, incluindo a reforma do prédio onde moravam os ocupantes liderados por Manuela, prédio esse que já tinha um nome pensado: "Edifício Otávio", representando as vidas perdidas de tantas pessoas na rua por conta das injustiças e maldades.

- Ele ficaria tão feliz... - a voz embargada de Francisca representava o sentimento compartilhado por todos ali. – Sr. Otávio estaria aqui junto com o Rex. Tudo seria bom para ele...

- Tanto a história dele quanto a de várias pessoas da rua vão ser lembradas aqui. Faremos um memorial. - Manuela observava a tudo orgulhosa da união de todos que viviam no prédio. O hall de entrada estava todo pintado e alguns dos pedreiros que já estavam trabalhando para a construtora Manfredi aproveitavam a folga da semana para terminar os ajustes nos ladrilhos azuis a serem colocados nas paredes do térreo.

O Leão e a OvelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora