O Leão e a Ovelha

Nunca fui um homem bom

Este capítulo tem uma pequena surpresa para Imaculada.

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Benício Manfredi precisava de alguma prova, qualquer coisa que colocasse seu primo em maus lençóis.

Ele era consciente de que Leon podia ser uma pessoa muito perigosa, graças aos arroubos violentos dele contra o primo e o advogado Luiz Otávio. Porém, toda a confusão no escritório – em especial a forma como ele tratou Benício após a provocação dele em relação àquela mulher misteriosa – fez com que o executivo parasse para avaliar.

Quem era ela? Por que ele a tratou de uma maneira completamente diferente?

Benício se recordou que nunca tinha ouvido falar de nenhum relacionamento íntimo de Leon com mulher alguma. De certa forma, ele não saberia, porque os dois primos mal conviviam; mas durante o período em que Arturo, Leon, e Benício viviam na mesma casa, em nenhum momento ele apresentou uma namorada.

Ainda se recordava das várias vezes que o tio tentou juntá-lo com alguém, apresentar uma moça do mesmo círculo, e Leon sempre respondia:

- Você acha realmente que eu vou namorar alguém selecionada por você? O seu mau gosto te precede. A única pessoa com quem você teve algum tipo de sorte foi minha mãe, só que como um babaca que você é, você deixou o tesouro passar.

- Leon, meu filho, entenda! Eu sempre vejo você sozinho! Seu primo tem namoradas, você está sempre só! Não é bom um homem viver sozinho.

- Por que vou seguir o conselho do homem que se casou quatro vezes porque seu esperma é podre?

- Respeite tio Arturo! - Benício se colocou no meio, enquanto os dois homens pareciam estar prestes a brigar.

- A conversa não chegou na escória.- Leon sorriu, mas não tinha humor .

- Leon até quando você vai... Guardar toda essa raiva, esse ódio por mim? São mais de 10 anos! Você já mora comigo, você nunca me chamou de pai!

Benício conseguia ver os olhos marejados do tio Arturo, buscando o amor e o carinho que ele nunca encontrou junto ao filho, mas Benício estava ali, pronto para dar a ele. Ele fez tudo para ser o filho que Arturo nunca teve; contudo, o tio corria atrás de uma pessoa que queria ver ele morto se bobeasse.

O ódio de Benício e a vontade de destruir a vida de Leon não tinham limites.

- Eu quero que você coloque alguns homens de olho em Leon. Eu tenho certeza de que ele fica circulando pelo centro, porque ele sabe de tudo que nós fazemos.

- Na verdade... Acho que já tenho algumas informações, chefe - um dos mercenários apresentou a Benício um envelope, que ele adivinhou serem alguns documentos, mas para a surpresa do executivo eram fotos. Fotos de Leon entrando na ocupação na Avenida Sete, Leon na praça Castro Alves conversando com alguém que parecia um policial, e aquilo que Benício realmente considerou o diamante no lodo: Leon caminhando pela rua ao lado de uma freira, os dois de mãos dadas como se aquela mulher não fosse uma religiosa - e sim uma namorada.

Aparentemente a pessoa que tirou as fotos, que Benício sabia ser um dos seus capangas, deu um belo zoom, fazendo com que ele reconhecesse a moça que usava o hábito. Naquele instante, ele abriu um largo sorriso de vitória. A mulher das fotos era a mesma que estava no escritório alguns dias antes.

- Meu primo é um pervertido sexual, sabia? Ele está transando com uma freira!

- Mas isso não é pecado, chefe? – o mercenário fez uma careta com a boca.

- Sei lá! Eu só sei que isso aí é o suficiente para foder a vida de Leon, e forçá-lo a sair da posição de CEO do conglomerado. Se ele não aceitar as minhas demandas, eu espalho essas fotos para todo mundo, eu acabo com a imagem dele na mídia, e posso também falar sobre a participação dele ajudando esses ocupantes, na praça Castro Alves, perto de drogados... Imagina só: o dono do conglomerado é craqueiro envolvido com freiras... As manchetes vão ser incríveis.