Angelical

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- Como funciona o esquema desses mercenários? Como era a seleção, como eram escolhidos?

- Era... A gente era chamado por um cara de dentro, que era amigo de outros caras... Esses eram das altas... Ó, não sei explicar, porque é tudo tão... meio misturado, tem gente grande protegendo o esquema, porque tem muito policial no grupo.

- Policiais na ativa.

- Sim, policiais que ainda tão trabalhando.

A informação não era novidade para Alisson Lobo, até porque ele tinha infiltrado um policial no grupo; mas os detalhes, e o quão intrincadas eram as relações de poder, eram a notícia que realmente lhe interessava - e principalmente, nomes.

Um dos nomes era de Anselmo Badaró, conhecido como "Badá", cuja identidade só foi reconhecida porque o homem viu fotos dele em um banco de dados. Ele era o braço-direito do líder, cujo nome nunca era citado, mas sempre falava que quem mandava em tudo e dizia o que fazer ou não era ele.

- Foi esse chefe quem ordenou o sequestro de Francisca da Conceição?

- A namorada do barbudo?

Alisson ergueu uma das sobrancelhas, curioso com a referência.

- Como sabe disso?

- A gente seguia ela e via que ela sempre andava com o barbudo. Leon... Santiago, mandavam falar "Santiago" e não "Manfredi".

Não havia confirmação exata de que Benício era o chefe de todos, mas as informações passadas pelo detento indicavam, de alguma forma, que a pessoa que comandava de fato os mercenários era o executivo. Como ele não sabia o nome, Alisson buscou a outra evidência, os contratos referentes à empresa de segurança terceirizada que foi contratada pela Manfredi, com assinatura de Benício.

- O nome do representante da empresa é... Surpresa: "Anselmo Badaró". – O delegado disfarçou um meio sorriso, ironizando a própria situação.

- O mesmo cara que era braço-direito do chefe do grupo de mercenários... – Chevalier fez um bico, pensativo.

- Siga esse contrato, veja com o advogado, Luiz Otávio, a respeito deste CNPJ, e vamos atrás de Badaró. Ele vai nos revelar sobre Benício e finalmente vamos prender o mauricinho.

Contudo, não seria tão fácil para a polícia: Leon Santiago chegou cedo à sede da Manfredi para a reunião semanal e foi avisado por Sandra que Benício não apareceria por ali por uma semana.

- Ele não disse bem se eram férias, senhor... Acho que era uma licença médica...

- Licença médica é meu ovo!

O executivo caminhou de um lado a outro, sem disfarçar sua irritação. Ordenou a Sandra que abrisse a porta do escritório de Benício, porque ele verificaria tudo que estivesse na sala, incluindo qualquer documento ou pista de sua localização.

- M-mas... Sr. Benício não vai gostar nada do senhor entrar na sala dele...

- Novidades, Sandra: seu chefe é um fugitivo da polícia. Em breve, todo mundo vai saber o que ele realmente anda aprontando.

De fato, Leon antecipou a secretária, assustada com os acontecimentos seguintes, o que realmente ocorrera com Benício. O executivo sumiu de circulação após as denúncias da polícia que revelou, durante a investigação da tentativa de invasão da delegacia nos Barris, que os homens envolvidos no processo eram seguranças contratados de uma empresa cujo dono assinou um contrato com Benício Manfredi para prestação de serviços terceirizados na sede do conglomerado. Todavia, esses homens jamais trabalharam na empresa, que já possuía uma equipe de segurança contratada.

O Leão e a OvelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora