O leão e a ovelha

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Este é o penúltimo capítulo do livro... Então teremos o fechamento real na semana que vem.

Por enquanto, hora de descobrir o que aconteceu com Benício na Itália...

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Benício mal teve tempo de escapar, ou inventar alguma desculpa para sumir da vista de seu primo. A arma já estava apontada em sua direção, e não havia nada que poderia fazer.

Havia uma alternativa, contudo – implorar pela bondade no coração de Leon. Fazer algo que ele jamais pensou: incentivar os laços de família entre os primos.

- Por favor, vamos decidir isso de outra forma... Conversar de maneira sensível, somos família.

- Família? Que piada! Você é um bandido, um ladrão e chefe de gangue que se aproveitou de sua dupla nacionalidade para escapar da justiça. Por que eu faria negócios com bandidos?

- Porque... porque é seu modus operandi! – Benício não teve paciência para prosseguir com seu ardil, que aparentemente nascera fracassado. – Não é você quem anda com os marginais, os bandidos do centro da cidade?

- Batedores de carteira? Você manda matar pessoas, Benício, não vou mover um músculo por você!

- Não se esqueça de que somos família... Imagina o escândalo que teria se a Manfredi for associada para sempre com uma gangue de mercenários...

A gargalhada de Leon vinha de dentro, de sua garganta. Era rouca, tétrica, e o executivo sentiu os pelos da nuca se arrepiarem de medo. Ele entendeu rapidamente que aquela não seria a melhor abordagem.

- Acredite se quiser, não há nada que me deixaria mais satisfeito em ver a empresa se foder... Mas tenho outros planos para a Manfredi e sua existência é um problema.

- O que... O que você tá querendo dizer, você quer me mat-

Um impacto em sua cabeça fez o corpo de Benício Manfredi cair no chão.

***

A polícia federal, a Interpol e a polícia civil baiana não disfarçaram a surpresa ao encontrar um homem sentado na área de desembarque do aeroporto internacional de Salvador nas primeiras horas do dia.

Ele estava com o pulso preso à perna de uma cadeira chumbada graças a uma algema, e aos poucos ele abria os olhos, como se estivesse tentando se acostumar novamente a enxergar. Mais importante ainda: reconhecer o espaço onde estava.

Piscou repetidas vezes os olhos, um tanto turvos, e virou a cabeça para o lado e para baixo, enxergando as algemas. "Que porra é essa...". Puxou o pulso, tentando na verdade levantar a cadeira, mas era impossível – estava presa no chão do lugar, que aos poucos ele reconheceu ser o aeroporto.

- Pu... Puta que pariu... Como eu vim... Parar em... Merda... Tô no Brasil... Porra... Preciso sair daqui.

- Vamos tirá-lo daí, Sr. Manfredi, e conduzi-lo até a sede da polícia federal. – uma voz cavernosa, desconhecida, tirou o homem de seu torpor, e os olhos finalmente tinham uma visão definida.

Ele viu seus algozes.

A prisão de Benício Manfredi, realizada de maneira surpreendente e misteriosa – afinal de contas, ele tinha sumido do país e de repente apareceu no aeroporto de Salvador como se tivesse se escondido por lá todo esse tempo – foi o fechamento de uma série de prisões ocorridas durante um curto período, que envolveram praticamente todas as figuras importantes da elite soteropolitana. Políticos, gestores da área de segurança pública, até mesmo pessoas da imprensa estavam envolvidas naquele perigoso esquema. Os jornalistas e comunicadores usavam a influência na mídia, por exemplo, para fazer uma campanha negativa contra as populações mais pobres. Os políticos alegremente cumpriam.

O Leão e a OvelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora