Atinja-me

672 129 41
                                    

Este é um capítulo curto, e terá a resposta ao questionamento de vocês sobre o que Leon vai fazer com a ameaça de Benício.

---

Nunca provoque um leão.

Nunca.

Ousar colocar sua mão na boca de um animal predador e retirar, brincando, provocando, é pedir para se ferir. Morrer.

O que ocorrer no meio do caminho.

Leões são traiçoeiros porque eles aguardam calmamente a presa crer que está protegida e longe da ameaça; e com a guarda baixa, eles atacam na hora. Uma mordida certeira, e partes do seu corpo são arrancadas.

Leon Santiago era um homem traiçoeiro, ardiloso, e Benício contava que o seu ponto fraco - a freira, cujas fotos estavam guardadas num backup, mas ele possuía as cópias dentro de um envelope de papel pardo, brincando entre os dedos.

As fotos mostravam os dois caminhando de mãos dadas, correndo pela rua Carlos Gomes, em um clima que parecia mais íntimo do que deveria entre um homem "do mundo" e uma religiosa.

A resposta de Leon ao que Benício dissera foi simples:

- Que merda você tá falando?

- Vou fechar a porta... - trancou a porta, sem pedir licença à secretária. - Porque temos uma longa negociação a fazer.

Benício pressionou o envelope contra o peito de Leon, que abriu o conteúdo e viu as imagens as quais o primo se fiava para cumprir algum tipo de chantagem.

- Sei que você pouco se importa com sua vida ou a empresa... Mas tenho certeza que essa vagabunda pecadora é alguém bem importante pra você... Sempre soube que gostava de um tipinho desses... Quem sai aos seus não degenera... - riu. - Então, nosso acordo é o seguinte: assine o contrato pra tirar os pobres da ocupação na Avenida Sete e em troca, essas fotos puf! somem, e você pode viver essa depravação bem longe.

- Essas fotos não são as únicas, Benício. - retrucou Leon, sem esboçar reação em sua expressão congelada.

- Claro que sim, não sou idiota! - gargalhou. - Assine o contrato e até o backup eu apago.

Leon sentou-se em frente à sua mesa de trabalho, enquanto Benício observava o primo. Apesar de ele não expressar nenhuma emoção específica, o executivo sabia que Leon estava com a cabeça fervilhando. Não poderia explodir ou agredi-lo, como sempre, porque "se ele fizer qualquer coisa, todo mundo vai saber desse casinho...".

Já imaginava os próximos passos: o novo contrato, pressionar Leon a entregar as ações para Benício, ele expulsando o "bastardo" do comando da Manfredi.

- Benício? - Leon acordou o primo de seus pensamentos, e logo os dois se encararam. Benício ria, o peito estufado, um suspiro de glória.

Leon parecia neutro.

- Quer o contrato para assinar? Saio daqui e vou até meu escritório-

- Eu tenho o contrato em minha mesa. Quero você mexendo em meu notebook, e apagando as fotos do backup.

Não demorou muito até Benicio acessar o backup no notebook de Leon enquanto o executivo segurava a caneta. Em cima da mesa, o contrato a ser assinado encontrava-se já com as partes da prefeitura e do próprio Benício preenchidas.

Aos poucos, Leon fez o mesmo, aparentemente rubricando sua parte no contrato. O primo terminava de excluir as fotos no backup.

- Se tiver outro backup, apague também.

- Não. - Ele olhou de esguelha o contrato assinado. Sorriu. - Como eu sabia que você ia realmente assinar isso, deixei apenas esse. Pode ficar com as fotos impressas de lembrança. - puxou da mão de Leon o contrato assinado e deu pequenos petelecos no papel, bem animado. - Depois disso, teremos um novo hotel de luxo na cidade. Foi um prazer fazer negócios com você.

O Leão e a OvelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora