18 - Alguém no mundo

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Julian 

Eu estava tão perdido em meus pensamentos que nem notei quando ela chegou.

—Te achei, Juliano.

Lá estava a Kira, ainda com o seu vestido de festa, só que agora sem o salto e com o cabelo preso em um coque engraçado que ela sempre faz pra lutar.

Linda.

Fiz sinal pra ela se sentar ao meu lado.

—Foi mal pela cena que eu fiz hoje, o seu mestre me irritou profundamente. —eu disse ainda olhando pras luzes.

—Tudo bem, mas eu sei me defender sozinha.—ela disse com seu jeito marrento.

Assenti com a cabeça, porque eu sabia que elas podia.

—Mas obrigada. —ela completou. —Ninguém nunca fez isso por mim. Além disso, acho você é muito corajoso, Juliano. Precisa ter no mínimo coragem pra enfrentar um mestre de Muay Thai.

Sorri.

—Se aquilo virasse uma briga de verdade, provavelmente essa conversa estaria acontecendo no hospital, sabe... o seu mestre com anos de experiência de Muay Thai não é páreo pra mim, ele estaria em alguma daquelas macas agora.

Kira riu.

—Com certeza estaria.

Eu a observei sorrindo, como eu adoro vê-la sorrir.
Eu seria capaz de me quebrar todinho pra defendê-la, mesmo sabendo que ela faria isso melhor do que eu.

—Eu me descontrolei quando vi que ele estava desrespeitando você. —eu disse.

—Ele estava bêbado. —ela disse indiferente.

—Isso não justifica nada, Kira. —eu disse sério.

—Podemos só não falar disso? —ela parecia não querer mais lembrar do assunto.

Suspirei.

—Ok. —voltei a olhar para as luzes, assim como ela estava fazendo.

O silêncio entre a gente não era nada constrangedor, conseguimos mantê-lo por um bom tempo, até que ela quebrou o silêncio:

—Não é incrível pensar que nesse mesmo instante em algum lugar do mundo, tem alguém experimentando algo pela primeira vez? ou... Realizando um grande sonho?

Eu a observei pensando nisso, os olhos brilhavam e estavam focados na linda imagem das luzes da cidade.

—É incrível mesmo. —eu disse.—Provavelmente alguém no mundo acabou de receber uma notícia boa, e alguém no mundo pode estar tendo uma crise de risos intensa, daquelas que você não consegue parar de rir! —completei.

—Alguém no mundo pode estar muito confusa com seus próprios sentimentos...—ela disse enquanto seu sorriso se apagava aos poucos.

Engoli seco.

—Alguém no mundo pode ter certeza do que sente, mas... medo de prosseguir e dar errado.

—Alguém no mundo pode estar descobrindo novas sensações, como: cócegas e calafrios na barriga ao mesmo tempo. —ela olhou pra mim. —E estranhando tudo isso.

—Alguém no mundo pode estar se apaixonando agora. —eu a olhei na mesma intensidade.

Eu estudei cada detalhe em seu rosto, os olhos azuis tão vivos vidrados nos meus.
Ela umedeceu os lábios, tornando impossível não desejar beijá-la até o dia amanhecer.

Então eu me aproximei, e conforme me aproximava, vi que os olhos dela fecharam, fechei os meus também.
Eu sentia a sua respiração ofegante.
Segurei a nuca dela, e rocei meus lábios no dela, dei um meio sorriso depois disso, não acreditava que isso estava acontecendo de novo, e quando eu de fato fui beijá-la, senti sua mão em meu peito me afastando.

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