Improváveis

65 - Minha miss simpatia

Julian

Me dei conta de que nunca havia visto o meu pai chorar, ele sempre transpareceu ser forte o suficiente para não precisar, mas naquele momento, o meu pai chorava ajoelhado ao meu lado aguardando uma resposta.

Uma tempestade de emoções passava pela minha mente, ressentimento e dor se misturavam com a recém-descoberta vulnerabilidade do meu pai.

-Perdoar você não vai apagar os anos de ausência ou os momentos que perdi desejando que você estivesse presente, mas... eu não quero carregar essa dor para sempre. Eu quero nos dar uma chance de começar de novo, de construir algo real dessa vez. - Eu digo de uma só vez.

Ele abriu minha mão, seus olhos marejados de lágrimas de gratidão e arrependimento.

-Obrigado, filho. Farei o meu melhor para estar ao seu lado, para ser o pai que você merece.

Abraços nunca foram comuns entre a gente, mas no momento em que meu pai se inclinou para me abraçar, pela primeira vez em anos, eu me senti amado por ele.

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Kira

Tácio sempre foi enigmático, um homem de muitos segredos, mas jamais imaginaria que ele pudesse ser capaz de algo tão monstruoso. Agora que sei de sua vida dupla, que além de ser meu namorado e empresário, ele é casado e tem uma filha, sinto ainda mais nojo dele.

Não posso simplesmente terminar com ele. O desejo de justiça pulsa em minhas veias. Peciso de um plano meticuloso, algo que não apenas revele sua verdadeira identidade, mas que também garanta que ele pague pelo que fez.

Com um suspiro profundo, limpo as lágrimas que escapam dos meus olhos. Assim que escuto a voz de Tomás atrás da minha porta.

-Kira, o seu namorado velho está aqui.

Me assusto, não esperava vê-lo agora, lavo meu rosto, mas minha aparência de quem acabara de chorar não sairia tão fácil. Deixei que ele entrasse.

- Olá, minha linda. - disse caminhando na minha direção. Ele se abaixou para mim dar um beijo.

-Oi, amor. - digo sentindo o mais puro ódio.

-Que carinha é essa? Esteve chorando?

-Sim eu... estou extremamente triste com a minha carreira de modelo se arruinando.

-Vai ficar tudo bem. - Ele me abraçou. - A sua cicatriz até melhorou de aparência, e tenho certeza que sua recuperação será boa.

Eu sabia que precisaria de toda a coragem e inteligência para enfrentar o homem que matou o meu pai, eu precisava manter a fachada, mesmo que a presença dele me repugnasse. Tácio passou o braço ao redor dos meus ombros e me deixou para mais perto e me beijou mais uma vez.

- Estava pensando no jantar fora hoje - sugeriu ele, acariciando meu braço.

-Serei vista nas ruas. - disse, tentando manter a voz estável. -Disse que era melhor eu me manter dentro de casa.

-Mudei de ideia, acho que é melhor você ser vista, talvez as marcas gostem de uma história clichê de superação.

Assinto com a cabeça, quando na verdade gostaria de xingá-lo, mas preciso manter a calma, afinal, a vingança é um prato que se serve frio, e pretendo servir com frieza e precisão. Tácio não sabe que sou filha do homem que ele matou há alguns anos, e essa ignorância será sua maior fraqueza.

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Julian

3 semanas depois...