4 - Lutadora

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Kira

Gosto quando me subestimam pela minha aparência. Gosto de surpreendê-los.
1,75 de altura, não sou considerada baixa pra maioria das pessoas. Loira de olhos azuis, e magra.
Já perdi as contas de quantas vezes me perguntaram se eu era modelo. As pessoas se surpreendem quando descobrem que sou lutadora.
Gosto de superar as expectativas.

Isso que eu sou. Lutadora.
Eu dou o melhor de mim, sempre.

Claramente o mestre Tácio tinha o objetivo de me massacrar colocando alguém maior e mais experiente pra lutar comigo.
Certamente eu fui julgada pela minha aparência, não só por ele, mas por toda turma que ria e fazia piadinhas.

—Já posso ligar pra ambulância, mestre? —uma voz masculina perguntou.

—Deixa os dentes dela Dandara, até que ela bonitinha, vai. —outra voz masculina disse.

Isso só aumentava a minha sede de mostrar quem eu sou.

—A luta será de apenas 1 round com um tempo maior, quero trocação até não aguentarem mais. —disse o mestre olhando pra mim.

O muay thai não é só força. É estratégia. E eu tenho a minha.

—Subam no ring. —disse o mestre com um sorriso.

Com a expressão mais séria que eu tinha, subi no ring com classe.
Era isso que meu antigo mestre me dizia sempre:

"Suba no ring com classe, deixe pensarem que você é fraca. Deixe eles entrarem achando que vão te vencer no primeiro golpe. Dê a eles o primeiro soco pra ganhar confiança, e só então, mostre quem é Kira wainberg de verdade"

Cumprimentei Dandara no ring com o toque de nossas luvas, o seu sorriso dizia tudo, ela estava mais que confiante.

Dei um sorriso debochado pra ela, pra atiçá-la a dar o primeiro golpe.
Não precisei de muito esforço, logo ela já tinha me golpeado com um chute e um soco no rosto.

O sorriso confiante dela se reacendeu quando cambaleei pra trás.

—REAGE, KIRA! —A voz que parecia da Rosa, gritou.

A Garota veio pra cima de mim como se eu fosse uma formiga, pronta pra me esmagar.

Mas ela não contava com a minha agilidade, que era muito superior a dela.
Rapidamente eu fui desviando de todos os golpes, pra fazê-la cansar.

Quando o rosto dela ficou mais sério, eu vi que ela estava ficando desesperada por não conseguir me acertar.

Comecei a golpeá-la sem dar espaço pra ela recuar.
Iniciamos uma trocação intensa, de socos, chutes e joelhadas.
Eu saí na vantagem, arrastando ela para as cordas do ring e dando joelhadas cada vez mais fortes em sua barriga.

Os olhos assustados diziam tudo: ela baixou a guarda pra mim.

O último soco no rosto fez com que ela caísse no chão, sem forças pra levantar.

Eu venci.

O melhor de tudo, não foi ganhar a luta com honra, mas a cara de todos os presentes. Inclusive a do mestre Tácio, que parecia o mais impressionado de todos.

Desci do ring agradecendo e reverenciando, mas não recebi nenhum aplauso. As pessoas pareciam em choque.

Dandara foi levantada por 2 colegas e colocada sentada num banco.

—Próximos a Lutar: Richard e Téo. —disse o mestre sem tirar os olhos de mim.

Peguei uma das garrafas de água e tomei, fazendo contato visual de longe com ele.

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