67 - Vidas recuperadas

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Kira

Depois que o Tácio foi preso, tive que contar a minha mãe que o meu "namorado velho" como o Tomás carinhosamente o chamava, era na verdade o assassino do amor da vida dela. Minha mãe demorou um tempo para processar aquela informação, eu sabia que não seria fácil, afinal, ela jamais sentiu algo bom vindo do Tácio, sua forte intuição jamais o aceitou e ela estava certa em todo esse tempo. Felizmente eu consegui abrir os olhos quanto à ele antes que fosse tarde demais.

Me despedi oficialmente das passarelas, meu último desfile pela agência da Chloe Mercer foi um sucesso, apesar de eu estar completamente diferente desde a última vez, minha cicatriz no rosto gritava "Guerreira", já estava recuperando meus músculos e o meu antigo corpo que jamais foi aceito, a voz da crítica nas redes sociais elogiou a minha postura e admirou o grande fato de eu estar voltando aos ringues do muay thai, que sempre foi a minha grande paixão.

3 meses se passaram, eu estava firme nos treinos e na academia, me sentia eu mesma novamente, é uma sensação incomparável.

A minha relação com a comida havia melhorado com ajuda da terapia, eu consegui voltar a me alimentar sem me sentir culpada, e hoje eu vivo novamente. Eu odiava ter que admitir que estava doente, por trás do glamour e dos flashes, existia um ambiente opressor e exigente e uma Kira extremamente frágil. As expectativas eram altíssimas, e a pressão para manter um corpo perfeito era insuportável. Sinto muito pelo mundo da moda ser tão opressor com as modelos , muitas sofrem em silêncio, tentando se encaixar em padrões impossíveis. Quero usar minha experiência e minha fama para conscientizar e apoiar outras modelos que possam estar passando pelo mesmo, uso meus números de seguidores para falar abertamente sobre isso e inspirar outras mulheres.

🥊🥊🥊

Julian

Hoje foi o dia que esperei por tanto tempo: meu retorno às quadras de basquete pelo Águias de Elite. Após todo o processo de recuperação do acidente, cada dia de fisioterapia, cada esforço para reconquistar o movimento das pernas, finalmente estava de volta ao meu verdadeiro lar.

O ginásio estava lotado, o som das arquibancadas vibrando com a energia da torcida fazia meu coração palpitar desde o vestiário.

Caminhar para dentro daquele espaço novamente, agora sem as muletas, parecia um sonho. Cada passo foi uma lembrança de todos os desafios superados, todas as lágrimas, todos os momentos em que pensei em desistir, mas não desisti.

Quando entrei na quadra, os aplausos foram ensurdecedores. Olhei ao redor e vi rostos minha família inteira na primeira fileira, e lá estava Kira, com um sorriso radiante e os olhinhos brilhando. Foi quando percebi que eu estava chorando também.

A torcida gritava meu sobrenome "ARANTES" e o tempo pareceu parar pra mim, o calor da torcida parecia um abraço, e Juanito liderando o grupo, caminhou em minha direção, me abraçou apertado, com lágrimas nos olhos também, e que raro é ver esse colombiano chorar, eu que sempre fui chorão estava me sentindo em casa.

— Bienvenido de nuevo, manito. — disse ele, sua voz embargada de emoção.

—Até você está chorando, manito?

—No estoy, me entró desodorante en los ojos, babaca.

—Te amo, irmão.

Cada um dos meus companheiros de equipe me cumprimentou e percebeu que não estava sozinho nessa jornada. Eles também lutaram ao meu lado, torcendo por mim, acreditando no meu retorno. O treinador me deu uma tapinha nas costas, o respeito e a admiração visíveis em seu olhar.

— Você é uma inspiração para todos nós, Julian. — Suas palavras eram simples, mas cheias de significado.

O jogo começou, e estar de volta à quadra foi como voltar a respirar depois de estar debaixo d'água por muito tempo. A sensação de correr pela quadra, de pular e arremessar... tudo parecia mais vívido, mais precioso do que nunca.

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