53 - Estrelas!

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Kira

—Você enlouqueceu, Kira?! —Rosa perguntou brava assim que contei o motivo pelo qual o meu namoro com o Julian acabou.— Não estou acreditando nisso. Achei que tivesse esquecido esse lance de "sentir coisas" pelo mestre Tácio.

—Rosa, não sinto nada pelo mestre Tácio! eu nem lembro como aconteceu, eu devo ter bebido alguma coisa batizada e fiquei fora de mim, é a única explicação.

—Kira, somos amigas, você pode ser sincera comigo.

—Rosa, pela última vez. Eu não sinto nada pelo mestre Tácio.

Nem no seu inconsciente?

Assim que a rosa terminou a frase, um flash de memória veio a minha mente.

Eu assistindo pela TV as lutas do mestre desde minha adolescência, ele era chamado de O imparável. Foi a minha primeira referência no muay thai, talvez uma referência de beleza.

—Um dia eu vou conhecê-lo e vou ser treinada por ele!

Quando cheguei no ISC, o primeiro olhar do mestre para mim foi de puro desprezo, a minha aparência o fez questionar se eu realmente sabia lutar e a sensação de surpreendê-lo foi incrível.

"—As aparências enganam mesmo. Loira, alta, olhos azuis... Você já esteve em uma agência de modelos antes? —riu sozinho. —Meus parabéns pela luta, bem vinda ao time, Kira.

—Obrigada, mestre."

Todas as sensações ainda estão aqui... mas por quê? Eu tenho total e absoluta certeza de que o que eu amo o Julian... mas agora, eu o perdi de vez.

—Terra chamando Kira. —Rosa me trouxe para realidade novamente. —Se ama mesmo o Julian, você precisa lutar por ele.

Meu estômago embrulhou ao ver a nossa foto na tela de bloqueio.

Eu me odeio por fazer com que Julian passe por isso.

Quando a Rosa foi embora, eu criei coragem e bati na porta dele. Quem me atendeu foi o senhor Manoel.

—Oi net... Kira. —Sorriu sem jeito.

Aquilo doeu. A estranheza em ouvir o senhor Manoel que sempre me chama de neta, me chamar de Kira, doeu demais.

—O neto pediu pra dizer que não está. —Continuou.

—Obrigado, vô! —Julian gritou da sala.

Logo, Julian surgiu na porta com uma sacola nas mãos e me estendeu.

—São coisas suas que estavam aqui em casa. —Ele disse sem me olhar nos olhos.

—Podemos conversar agora?

—Não temos o que conversar, Kira. Nada do que me disser vai mudar o que você fez. —ele me olhou dessa vez, no fundo dos meus olhos. —Eu estou extremamente decepcionado com você.

A tensão entre nós era palpável.

Engoli seco. Quis chorar, mas me mantive forte.

Naquele instante, quem eu menos esperava que aparecesse, surgiu desfilando pelo corredor.

Maressa.

Ela parecia ter sido convidada.

— Que coragem a sua de aparecer por aqui. —Ela me olhou e em seguida abraçou o Julian, que pareceu não se importar.

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