25 - Essa é a hora

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Julian

O dia tinha tudo pra ser bom, mas tudo começou a desandar com apenas uma ligação.

—Filho? Estou ligando pra te avisar que estou voltando pra casa, não vou poder te esperar chegar.

—O que? Por quê?!

—Aconteceu um imprevisto, tenho que voltar.

—Mas que imprevisto, mãe?

—Desculpa, filho. —disse com a voz trêmula e desligou.

Saí que nem um louco da quadra, eu tinha que saber o que estava acontecendo, minha mãe estava agindo estranho.
Expliquei ao Juanito que estava saindo, e que ele tinha que inventar alguma desculpa pro treinador, e fui pra casa o mais rápido que consegui.

E por sorte, eu consegui todas as respostas para minhas perguntas.

Ao chegar em casa, me deparei com meu pai sentado no sofá, usando roupa social e bebendo café calmamente, enquanto minha mãe arrumava sua mochila.

—O que tá fazendo aqui? —perguntei.

—Isso é jeito de receber o seu pai? —perguntou ficando de pé.

Tão alto como eu, o meu pai era minha versão mais velha, mais rabugenta e arrogante.

O meu avô tinha um brilho nos olhos que há muito tempo eu não via.
Apesar de na maior parte do tempo ignorar  a existência dele, o meu avô o ama intensamente.

—Estou aqui de passagem, vim verificar algumas coisas na minha frota, vou ficar 3 dias em casa, e obviamente não quero ficar sem a companhia da minha querida esposa, vim buscá-la e aproveitei pra cumprir a visita que eu disse que faria pro Manoel.

—Estou muito feliz em te ver, filho. —meu avô disse com o sorriso estampado.

Obviamente tinha algo de errado.
A minha mãe não parecia confortável com aquela situação, ela nem mencionou meu pai no telefone.

—Você quer ir, mãe? —perguntei com minha raiva estampada no maxilar.

—Como assim? É óbvio que ela quer ir. —meu pai respondeu com um meio sorriso.

—Eu perguntei pra ela.

—Filho, eu quero ir sim tá? —ela ficou entre meu pai e eu, e acariciou meu rosto. Quase que implorando pra aquilo não virar uma briga.

—Por que tão repentinamente? —perguntei.

—Eu te respondo, filhão. —meu pai tirou um cigarro do bolso pra acender. — A sua mãe resolveu se aventurar por uns dias e abandonar o trabalho dela na minha frota, só pra fazer com que eu a procurasse, você acha que é saudade de mim? Porque se for, ela conseguiu chamar minha atenção. Estou voltando pra consertar a cagada que ela fez e colocar um pouco de ordem naquela casa.

Eu não tinha o mínimo de respeito por aquele homem, era nítido o quanto minha mãe sofre com ele.

E eu não duvido que ele tenha outra mulher e possivelmente outros filhos em qualquer outro lugar por aí.

—Talvez ela não teria feito isso, se você a tratasse como família, usando o mínimo de respeito. Que tipo de marido você é, que deixa a mulher em uma casa afastada do seu trabalho e só vai visitar a cada vários meses? Acho que você gosta mais da sua outra família, não é?

Bastou eu dizer isso pra ele vir pra cima de mim com o punho levantado.

—Moleque, eu quebro a sua cara todinha se você falar assim comigo de novo. Quem você pensa que é?

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