63 - Pais, segredos e descobertas

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Kira

A saudade do Julian cresce a cada dia em mim, sinto que se e não vê-lo em breve terei um ataque, porém estou me resguardando em casa dos paparazzis, faz semanas que eu não saio de casa, Tácio diz que o melhor agora é deixar a poeira abaixar. O único lado bom dessa cicatriz medonha, é que o Tácio se mantém um pouco mais longe de mim, eu também não o vejo há dias, sinto que seja lá o que for que ele sentia por mim, se esfriou bruscamente.

O Julian não me responde desde cedo, não ter respostas dele é agoniante, queria poder estar por perto sem que me reconhecessem.

Naquele instante, como uma luz no fim do túnel adentrou o meu quarto a lutadora mais baixinha e marrenta que eu conheço, juntamente com uma ideia repentina e maluca na minha mente.

— Rosa, preciso que me deixe irreconhecível! —Eu disse.

—Como é?—Indagou sem entender.

—Preciso ver o Julian, mas não posso ser reconhecida nas ruas. Sei lá, você é ótima com maquiagem, me arranje uma peruca e me ajude a encontrá-lo!

Rosa sorriu imediatamente. Minha cúmplice.

—Seu desejo é uma ordem! —Disse empolgada.

📸📸📸

Julian

Eu não conseguia dizer uma sequer palavra.

A voz da doutora ecoava na minha mente sem parar " E pro Julian de 22 anos que sofreu um acidente de avião que o impediu de andar?"

Flashes de memória de migalhas de afeto vindas do meu pai surgiam na minha mente. O que me deu coragem pra respondê-la.

Quando eu tinha 7 anos pedi uma bicicleta de aniversário pro meu pai, e me senti o garoto mais feliz do mundo quando o vi adentrar a porta com ela nas mãos. Esperei vários dias para que ele ao menos me ensinasse a andar de bicicleta, mas ele nunca tinha tempo, suas visitas eram rápidas demais e eu nunca estive na sua lista de prioridades. —Dei de ombros tentando manter a minha voz estável. —Eu não preciso de migalhas de afeto desse cara.

Ela fez uma pausa, silêncio se estabeleceu por um momento.

Às vezes, quando perdemos alguém importante, especialmente quando somos jovens, podemos não perceber o impacto que isso teve em nós. É possível que ainda tenha sentimentos não resolvidos sobre a ausência do seu pai.

Senti um aperto no peito, mas me esforcei para parecer indiferente.

Não acho que seja grande coisa. Eu superei. Ele é só um cara que foi embora com sua outra família. Minha mãe e meu avô sempre foram suficientes.

Doutora Aline assentiu, respeitando minha resistência.

Sua mãe parece ser uma mulher muito forte. Deve ter sido difícil para ela também.

Eu assenti, sentindo um pouco do peso do assunto.

Ela fez o melhor que pôde.

Ela me olhou com compreensão.

Entendo que você queira ser forte por ela, mas às vezes, é importante reconhecer nossos sentimentos, mesmo os difíceis. Não é fraqueza admitir que a ausência de alguém pode ter nos afetado.

Olhei para o chão, sentindo os olhos arderem.

Eu... Eu só não quero pensar nisso. Não quero parecer fraco.

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