32 - Recadinho

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Kira

Presa no elevador com ele era a prova de que aquela conversa precisava acontecer.

—O que tivemos não significou nada pra você? —Julian se aproximou de mim—Olha nos meus olhos se tiver coragem e diz que não sente nada por mim.

Estaria enganando a mim mesma se dissesse não sentia nada por ele, só a presença dele tão perto acelerava meu coração e fazia meu corpo pegar fogo.

—Não posso mentir. —eu disse.

—Eu sempre deixei muito claro que sou louco por você, que eu moveria montanhas pra te ver sorrir,  que eu quero que seja minha pra sempre...mas você nunca me disse o que sente de verdade, eu não entendo o porquê.

Aquilo me doeu, eu sei que ele faria mesmo tudo isso por mim e me odeio por ainda estar confusa entre ele e o mestre Tácio.

—Eu não quero te magoar, Julian. —eu disse encostando a mão no peito  dele para o afastar. —Eu também gosto de você, gosto muito mesmo, mas...

—Mas também gosta do mestre Tácio, né?

Me assustei.
Ele sabe.
Não tinha mais pra onde correr.
Senti um nó na garganta, eu não conseguia dizer nada, mas meu silêncio falou por mim.

—É impossível ele te amar como eu amo, Kira. —Julian completou, fazendo minhas pernas falharem.

Ele disse que me ama.

Eu o afastei quando na verdade gostaria de tê-lo mais perto, e disse que era melhor nos afastarmos quando na verdade eu queria sentir seu beijo novamente.

Mas eu não o mereço...

—Me deixa te mostrar que sou melhor pra você, que podemos ser feliz juntos, me deixa fazer você esquecê-lo de uma vez por todas.—ele disse com tristeza na voz—Eu te amo muito pra te perder assim, miss simpatia...

Seus olhos estavam cheios de lágrimas.
E os meus também se encheram.

Estar longe dele era pior do que a dor da confusão da minha mente. Eu necessitava ouvi-lo me chamar de 'miss simpatia' e toda esboçar seu sorriso travesso.

Eu estava disposta a renegar qualquer sentimento pelo mestre Tácio e lutar pra acabar com qualquer resquício de paixão que possa existir... Por ele.

Beijar o Julian era como um remédio depois de uma dor intensa, mas eu sabia que o que eu estava fazendo seria mais difícil do que minha mente poderia imaginar, mas eu estava disposta a tentar esquecer o mestre de uma vez por todas.

—Estou feliz por te ter de volta, minha miss simpatia. —ele disse ainda com nossas testas coladas depois de me beijar.

—Eu também, Juliano.

Depois, os técnicos do elevador chegaram e nos libertaram de ficar presos a noite toda lá dentro.

Julian e eu subimos o restante dos andares de escada, até o nosso ponto de refúgio, o teto do prédio.

Tudo estava bem, e ali naquele abraço eu consegui esquecer todos os meus problemas por alguns minutos.

Eu só não sabia em que momento eu diria a ele que amanhã eu seria modelo em um comercial de perfume... E eu iria com o mestre Tácio até lá.

A oportunidade surgiu quando contei a ele tudo o que estava passando com minha família, ele ficou desesperado, principalmente quando eu disse que precisava de 3 mil reais dentro dessa semana.

—Não precisa se preocupar, eu já arranjei a solução. —eu disse temendo a reação dele quando eu contasse.

—E qual é?

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