Capitulo 1 - "Só uma vez..."

6.2K 263 99
                                    

Capítulo 1 - Só uma vez...

Katherine

     — Eu sinto muito, Katherine. — lamentou Julia, pela quinta vez.

     — Está tudo bem, não foi culpa sua. —  respondi com sinceridade.

     E não foi mesmo. Eu estava sendo demitida pelo filho da puta do nosso chefe - agora meu ex-chefe - então ela não tinha o porquê se desculpar. Ela me entregou o envelope com o meu pagamento e me abraçou, desejou boa sorte e foi arrumar sua mesa, se preparando para ir embora.

     Encarei o envelope nas minhas mãos enquanto seguia caminho para fora do prédio.

     Estava rezando para que fosse o suficiente para pagar as contas e os remédios do meu irmão até eu consegui outro emprego.

     Nate.

     Foi diagnosticado com autismo aos quatro anos e sofre com a asma, igual a nossa falecida mãe.

     Fui demitida porque faltei à um dia de trabalho paa levá-lo ao médico, quando teve uma crise respiratória uma manhã. Mesmo eu mostrando um atestado para justificar minha falta, meu chefe não me deixou ficar. Ex chefe.

     Suspirei e levantei a cabeça.

     Vai ficar tudo bem. Vou achar outro emprego, sei que vou. Eu preciso. Nate precisa de mim e eu preciso dele tanto quanto. Ele é tudo pra mim desde que a nossa mãe se foi e o nosso pai... Bem. Ele não importa.

     Apertei o envelope nas mãos com força e desci os degraus que ficam na frente do prédio. Olhei para trás, levantando a cabeça para olhar o topo do edifício quando cheguei a calçada.

     Não ia sentir saudades daqui, embora trabalhasse como secretária aqui desde o meu estágio na faculdade. Nunca fui promovida, óbvio, o meu chefe preferiria colocar um cachorro (macho) como um superior do que uma mulher.

     Bufei. Babaca.

     Me virei e continuei andando, indo em direção ao meu carro que tive que estacionar à dois quarteirões dali pois aquele porco (meu ex chefe) me proibiu de usar minha antiga vaga, que nem estava ocupada ainda por outro funcionário. Argh.

     Ele era horrível.

     Olhei as horas no meu relógio de pulso e vi que já eram oito horas da noite. Passei o dia procurando trabalho e por isso só vim buscar meu pagamento agora.

     E me arrependi de não ter vindo amanhã. As ruas ali, naquele horário, ficavam escuras e vazias demais. Apesar de alguns carros passando na rodovia, não tinha nenhuma alma viva andando por ali. Além de mim, é claro.

     Olhei ao redor, cautelosa. Só podia ouvir os meus passos na larga calçada de cimento mal iluminada por postes de energia muito altos e alguns piscando com falha.

     Estava quase chegando na rua onde meu carro estava, quando cinco... não, seis caras viraram uma esquina vindo em minha direção. Meu sangue esfriou nas veias. Merda.

     Estavam agitados, andando rápido, mas... animados? Não sabia dizer. Meu coração acelerou, o medo me dominando. Esta rua era ainda mais deserta e escura.

     Observei eles conforme se aproximavam. Mesmo que eles estivessem a uma certa distância, dava para ouvir suas vozes ligeiramente alteradas.

     Eles davam passos largos e olhavam para trás o tempo todo. Estavam fugindo de algo? Peguei meu celular na bolsa e disquei o número da polícia, tirei meu canivete do bolso do meu moletom e segurei firme.

DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora