Capítulo 46

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Katherine

     — Você colocou tudo mesmo na bolsa? E a escova de dentes? — perguntei, mais uma vez. Apenas para ter certeza. Levantei as mãos e penteei seus cabelos com os dedos, de novo. Parecia que ele não sabia o que era escova.

     — Sim, Kathen. — suspirou Nate, e eu estreitei os olhos para ele quando notei um toque de impaciência ali. Ele percebeu meu olhar e examinou o meu rosto. O canto da sua boca subiu, minimamente. — São apenas três dias. Não precisa ficar assim.

     Deus, como eu amava o fato dele me conhecer tão bem ao ponto de notar o que eu estava pensando agora. Nate não é bom em interpretar os sentimentos de ninguém a menos que essa pessoa fale exatamente o que está sentindo. Mas comigo era diferente.

     Porém, seria impossível não ficar preocupada. Nate já passou finais de semanas na cada de Thessa e dormiu lá várias vezes. Mas seria a primeira vez que ele viajaria com eles. Na verdade, seria a primeira vez da vida dele. Nunca tive tempo ou dinheiro o suficiente para uma viagem.

     Sempre estava com muito trabalho para fazer e o nosso dinheiro sempre foi bem contado. Foi por esse motivo que o deixei ir. Primeiro, porque eu odiava negar algo a ele, e segundo, porque queria que ele se divertisse. Tivesse experiências e histórias para contar. Mesmo que isso me deixasse maluca de preocupação.

     — Tudo bem, eu sei. — deixei minhas mãos cairem e soltei um suspiro, relaxando os ombros. Apenas três dias. Eu vou sobreviver. — E seus remédios? Colocou todos aí dentro? — perguntei e ele assentiu, como eu sabia que faria. Eu mesma vi ele colocando.

     — Eu vou falar com você todos os dias. — garantiu, passando sua bolsa pelos braços e a pendurando nos ombros. Ele olhou por cima do ombro, para a porta. — Eles chegaram.

     Segui seu olhar e no mesmo momento, a porta foi aberta e Thessa surgiu. Ela bateu os olhos em nós dois, parados no meio da sala, e sorriu. — Você está pronto? — perguntou a Nate.

     Ele balançou a cabeça em confirmação. Seu rosto continuava sem revelar nada. Nem sequer um músculo facial transmitia o mínimo de emoção. Mas seus olhos... era um brilho de empolgação que dançava ali. De expectativa. Contive um sorriso.

     — Ótimo, então. — Thessa abriu mais a porta e estendeu o braço para fora. — Os meninos estão lá na frente esperando por você. Esperem lá enquanto eu falo com sua irmã.

     Ele assentiu, mas antes de ir, se virou para mim de novo e encarou meus olhos. — Se ficar muito preocupada, eu posso voltar. Não tem problema.

     Engasguei com uma risada, meio embargada. — Não fique pensando em mim. Quero que você se divirta. — fiquei na ponta dos pés e dei um beijo em sua bochecha. — Só fale comigo todos os dias e me diga o que está achando de tudo.

     — Eu vou. — afirmou, com a expressão um pouco mais suave, mas duvido que ele tenha notado. Em seguida inclinou-se para baixo e apanhou outra bolsa que havia feito para a viagem e a pendurou no outro braço. — Amo você, Kathen. — disse, caminhando até a porta.

     — Amo você também! — gritei, porque ele saiu sem esperar minha resposta. Balancei a cabeça, dando risada. Ele iria ficar bem. Confiava completamente em Thessa para cuidar dele e Nate era bem responsável.

     Thessa se aproximou de mim, contendo um sorriso, e me abraçou de lado, apoiando a cabeça na minha. Soltei um suspiro. — Boston? Sério? Não poderia ser nada mais perto?

     Seus ombros tremeram com uma risada e ela se virou para mim, ficando na minha frente de novo. — Não me culpe, foi ideia de Rick. Ele enfiou na cabeça das crianças que as praias de lá eram ótimas e eu não tenho paz desde então.

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