Capítulo 28

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Isaac

     —  Você tem certeza? — perguntei, mais uma vez.

     Katherine riu, enquanto segurava o cobertor em volta do seu corpo  para conter o frio — Tenho. Thessa já está vindo pra cá, ela não trabalha. Pode passar o dia comigo. — garantiu, empurrando o meu peito com uma mão enquanto eu andava de costas em direção à porta — Embora não precise, porque eu tenho vinte e quatro anos e posso muito bem cuidar de uma ressaca. — acrescentou

     — Mas...

     — Mas nada, Isaac Clifford — me calou, — Sua irmã chegou e está esperando você.  Sem contar com o fato de que você faltou hoje no trabalho por minha culpa.

     Parei quando minhas costas bateram contra a porta da entrada e soltei um suspiro. — Não é verdade, eu faltei porque eu quis. — afirmei, com uma carranca. Mas eu precisava mesmo ir. Estava louco para ver Emory e o meu pai estava uma fera por eu ter faltado ao trabalho.

     — E por que você quis? — perguntou, levantando uma sobrancelha.

     — Para ficar com você — murmurei, encarando meus pés.

     — Ou seja, minha culpa. Tecnicamente. — falou, com uma risada. Levantei os olhos para o seu rosto e a vi sorrindo para mim. Seus olhos estavam vermelhos e pareciam um pouco cansados, sua pele estava ainda mais pálida que o normal, fazendo com suas sardas se destacassem. Fiz uma careta. Como ela conseguia ser tão bonita mesmo doente?

     — Você vai me ligar se precisar de alguma coisa? — perguntei, quando ela me empurrou de lado para abrir a porta.

     — Sim, eu ligo. — afirmou, com um sorriso e aguardou que eu saísse da sua casa enquanto segurava a porta aberta.

     Soltei um suspiro resignado — Tudo bem. — me aproximei e dei um beijo em sua bochecha antes de sair para a escada. Quando estava prestes à descer o primeiro degrau, me virei para encará-la. Hesitei de novo enquanto observava seus olhos, me aguardando sair. Merda, quando foi que ela começou a me intimidar tanto? Ela mal tinha um metro e sessenta, pelo amor de Deus.

      Troquei o peso do meu corpo de um pé para o outro, ansioso, enquanto ela me observava com uma carranca confusa. Tudo bem, então... — Eu... eu queria conversar com você. Depois. Se você puder, é claro. Mas é importante. Pelo menos pra mim é importante e eu preciso que você saiba, então quando você tiver um tempo, me avisa. Ou nem precisa arrumar um tempo, seria rápido já que...

     — Isaac? — me cortou, soltando uma risada. — Você precisa conversar comigo. Eu entendi. Posso saber sobre o que é?

     Soltei um suspiro e coloquei as mãos no bolso. Estavam soadas pra cacete. Encarei seus olhos mais uma vez, sem hesitação agora — Sobre nós dois. Sobre o que você disse, no carro, ontem.

     Katherine piscou, surpresa, e seu sorriso vacilou. Aquele mesmo brilho nos olhos de quando eu perguntei se ela se lembrava do que havia dito e ela negou. Não sabia dizer se ela estava mentindo ou não, ela era boa em esconder o que sentia.

     Meu coração começou a bater mais rápido enquanto aguardava sua resposta. Eu demorei muito para dormir ontem à noite, pensando em tudo que havia sentido e principalmente no que ela havia me falado. Eu gosto de você. Você é meu. Sempre que me recordava dela dizendo essas palavras, eu sentia pura satisfação. Um calor no meu peito que era difícil explicar.

     A conversa que eu estou sugerindo não é para pedi-la em namoro ou assumirmos em público o que tínhamos. Até porquê, eu sabia que ela não aceitaria e eu também ainda estava confuso com o que estava sentindo. Mas se de uma coisa eu tenho certeza, é que eu não quero ver Katherine com nenhum outro homem além de mim. E não quero mais ninguém além dela. E pelo o que ela disse no carro, talvez ela aceitasse a monogamia como um dos termos do nosso acordo.

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