Capítulo 36

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Isaac

     Uma batida soou na porta do meu escritório.

     — Entrem. — falei, e como eu esperava, Lisa e Ryan surgiram. Acenaram com a cabeça em cumprimento quando caminharam em direção as duas cadeiras à minha frente e se sentaram.

     Lisa me encarou, impacivel. O semblante divertido e descontraído da outra noite, havia sido substituído pela feição calma, controlada e impressionantemente neutra. — Mandou nos chamar, senhor.

     Me recostei na cadeira, soltando um suspiro. Olhei entre eles. Ryan, ao contrário de Lisa, estava tenso. Não de forma suspeita, mas... consciente. — Presumo que saibam porquê os chamei aqui.— tentei, inclinando a cabeça para o lado e estudando ambos em busca de alguma coisa que sugerisse culpa. Ou medo.

     Eles trocaram um olhar condescente, como se tivessem discutido sobre isso antes e já esperassem pela minha abordagem. Lisa me encarou de novo e assentiu. — Na verdade, sim. Suspeitamos.

     Ryan abriu a boca. — Sinceramente, senhor, não precisa se preocupar conosco. — disse, parecendo nervoso.

     Estreitei os olhos. — E por que eu estaria?

     Ele piscou e olhou para Lisa. Ela levantou uma sobrancelha na minha direção, um brilho sagaz nos olhos. — Se não estivesse minimamente receoso pelo o que vimos naquela noite, não teria nos chamado. — afirmou. Ela era bem petulante. — E o que Ryan está tentando dizer é que não contamos para ninguém, como o senhor já deve ter percebido. E não contaremos.

     Eu não sabia dizer se ela estava sendo sincera. Mas sabia que estava falando a verdade sobre não ter contado a ninguém. Estava tudo quieto aqui.

     Olhei para a parede de vidro que dava para a mesa de Katherine, e à vi teclando algo enquanto mantinha os olhos na tela do computador. Concentrada. Ela não havia sequer me perguntado se alguém da empresa havia nos visto naquele dia. Mas não me surpreendi. Estava bêbada e provavelmente achara que eu jamais teria nos exposto desta forma. Um grave erro meu. Dominado pelo ciúmes e pelo sentimento de posse quando à vi dançando em cima daquela mesa, sem calcinha, na frente de um bando de homens que mais pareciam lobos sedentos babando em cima dela. Eu não me arrependo.

     Virei meu olhar para Lisa e Ryan mais uma vez. — Não preciso me explicar sobre o que aconteceu naquela noite... — afirmei, encarando ambos nos olhos. — e não vou. Não posso ameaçar despedir vocês por fazerem fofoca sobre mim, mas se eu ouvir sequer um sussurro do nome de Katherine vinculado à ofensas ou algo que fizemos... garanto que o responsável se arrependerá. — e não estava mentindo. Antes de Katherine sequer perceber o que haviam falado dela, despejaria qualquer filho da puta para fora desta empresa e garantiria que jamais conseguisse outro emprego no mesmo ramo.

     Ryan se endireitou e engoliu em seco. Lisa continuou recostada na cadeira, mal piscou diante das minhas palavras. Pelo pouco tempo em que os conheci, posso dizer que são pessoas decentes. Íntegras. Mas não posso afirmar com tanta certeza e confiar cegamente nisso, ainda mais quando o nome e a imagem de Katherine estavam em jogo. — Eu fui claro? — indaguei.

     Lisa assentiu. — Como cristal. — afirmou.

     Ryan balançou a cabeça em confirmação. — Sim, senhor.

     Suspirei. — Ótimo. — indiquei a porta com a mão. — Podem ir agora.

     Eles saíram da minha sala sem mais nenhuma palavra. Desabei contra minha cadeira assim que a porta se fechou e passei a mão no rosto, exasperado. Só poderia torcer para que eles fossem mesmo confiáveis. Não por mim, eu realmente não me importava mais se as pessoas soubessem sobre Katherine e eu, mas por ela. No começo também estava preocupado que vissem o que eu tinha com ela como forma de assédio no trabalho ou algo do tipo, mas... não. Ninguém acharia isso. Emory estava certa, nada sobraria para mim. Era Katherine que eles iriam atacar. Ela seria a errada e a aproveitadora aos olhos deles.

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