Katherine
— Se divertiu? — perguntei a Nate, enquanto ele entrava no carro. Tinha dormido na casa da Thessa de novo, a pedido de Nino e Jake, que por coincidência tinha o mesmo nome do irmão de Isaac. Mas Jake, de Thessa, era apelido para Jacob. Enquanto Jake Clifford era só Jake Clifford.
— Sim. — respondeu Nate secamente. Sorri e dei partida no carro. Ele não teve crises respiratórias desde a vez que eu tive que levá-lo ao hospital, que foi o motivo de eu ter sido despedida há mais ou menos três meses.
Nate foi diagnosticado com autismo nível 1 quando tinha quatro anos. A mamãe percebeu que ele não se comportava como a maioria das crianças. Não gostava de brincar das mesmas brincadeiras que elas, sempre quieto e inexpressivo. Quando tinha seis anos teve um surto psicótico porque os brinquedos dele não ficavam na ordem por tamanho que ele queria. Quebrou todos eles e depois ficou amuado porque não tinha mais.
Os remédios ajudaram. Ansiolítico, principalmente, remédio recomendado para ansiedade. Mas como é um calmante genérico também é útil para pessoas como o Nate. Mamãe fez terapia com ele até os setes anos, antes de ser diagnosticada com câncer de mama. Eu tinha dezessete anos, tava terminando meu último ano na escola quando ela me contou.
Ela prometeu que ficaria tudo bem, que iria passar por isso e que faria todos os tratamentos necessários. Ofereci o meu dinheiro da faculdade, que ela juntou por tanto tempo numa poupança, para pagar médicos melhores, mas ela não aceitou. Me proibiu de gastar um tostão daquele dinheiro à menos que fosse para a faculdade.
Ela dizia que Nate ia precisar de mim e que eu deveria ter uma profissão boa o suficiente para nos dar uma vida melhor. Foi graças à essa poupança que eu consegui terminar a faculdade. Mamãe trabalhava como garçonete em um Café perto da nossa casa, obviamente não era o suficiente para tudo, mas meu pai - que eu só vi uma vez na vida quando tinha treze anos - pagava uma pensão mensal que nos ajudava com as despesas. Nada além de sua obrigação, é claro. Ele nunca se importou comigo ou com o Nate. Nunca quis nos conhecer. Mamãe só namorou com ele por três meses até engravidar de mim e ele ir embora, falando que não estava pronto para ser pai.
Quando a mamãe morreu, um ano depois de ser diagnosticada, eu tinha acabado de entrar na faculdade de administração. Tentei ligar para o nosso pai para pedir ajuda para cuidar de Nate e eu não ter que largar a faculdade. Mas ele disse que não tinha como nos ajudar, que eu já era maior de idade, podia cuidar de nós mesmo e disse para eu não ligar de novo. Babaca.
Se não fosse a Thessa, a primeira amiga que fiz quando entrei na faculdade, eu teria largado tudo para cuidar do Nate. Ela tem uma irmã mais velha, que na época era casada e não tinha filhos. E aceitou ficar com o Nate enquanto eu estava na aula, de graça, até eu conseguir um emprego e poder pagar por tudo.
Como primeira da turma, consegui um estágio rapidamente como secretária numa empresa de vendas de imóveis. O salário era bom o suficiente para eu pagar as contas, remédios para Nate, a irmã da Thessa que continuou cuidando dele e todas as outras despesas básicas. Quase não tinha tempo para nada e dói meu coração só de pensar no tempo que perdi com Nate.
Eu só via ele à noite e finais de semana, e fazia de tudo para passar o máximo de tempo com ele. Mas me sintia culpada, achando que não era o suficiente e que ele passou tempo sozinho demais. Mas agora que terminei a faculdade e tenho um emprego que paga mais que o suficiente para nos sustentar, vou fazer valer todo o tempo perdido. E foi por isso que eu disse:
— E se a gente sair hoje à noite? — perguntei, animada, enquanto dirigia para a escola dele. Ele ja estava pronto para ir e de lá eu iria para o trabalho. A escola só largava às quatro, e como Nino estudava na mesma escola que ele, eles vinham juntos para casa e Nate me esperava chegar.
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Destino
Fanfiction+18 Cenas ilícitas e gatilhos. Katherine é uma jovem de 24 anos que acabou de ser demitida do seu primeiro emprego. Um dia, quando estava voltando para casa, percebeu que um mendigo havia sido espancado no meio da rua e resolveu ajudá-lo. O problem...