Capitulo 8

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Isaac

         A sexta-feira havia sido tranquila, considerando o evento importante que estava para acontecer; não houve interrupções, atraso, falta de comprometimento. O desfile seria um sucesso. E, obviamente, Dominic Clifford queria expor o quanto estava certo sobre eu ser um ótimo CEO, tal como ele.

         — Sempre soube que você herdaria o meu talento para dirigir uma empresa, filho. — disse meu pai, de braço dado com sua esposa, Cinthia, que tinha minha idade. Estavam em roupas de grife, exclusivas da New Red Queen, prontos para irem para o local onde o desfile iria acontecer — Fico feliz que tenha esquecido aquela coisa de seguir os passos da sua mãe. Aquilo não lhe traria um futuro. — falou com desdém.

         Eu não tinha esquecido. E eu ainda vou seguir os passos da minha mãe, nem que eu tenha que dar aulas com oitenta anos de idade. Meu pai nunca entenderia que nem tudo tem haver com dinheiro. Ser professor é o que me faria feliz, era o que fazia minha mãe feliz também.

         — Obrigado, pai — foi o que eu disse, indo contra tudo o que estava pensando. Ele assentiu, com um sorriso satisfeito. Suspirei e olhei para o meu rolex. Faltava pouco para às oito horas da noite. Eu pegaria a Kit às vinte e uma.

         Estávamos todos na minha cobertura, meu pai e sua esposa tinham passado apenas para falar comigo antes do desfile começar.

        — Ora, olhem quem está aqui — a voz de Jake veio da direção das escadas, cheia de falsa animação. Todos olhamos para ele enquanto descia os degraus como uma das modelos que contratamos. Nosso pai murmurou algo que pareceu muito uma oração por paciência.

        — Que prazer estupendo é rever essa cara velha, paizinho. — disse Jake, com um sorriso debochado quando veio até nós, na sala de estar. Olhou para Cinthia e acenou com a cabeça — Olá, Cláudia. — disse, chamando-a pelo nome da terceira esposa do nosso pai.

        Foi preciso todo o meu esforço para não cair na gargalhada. Meu pai tinha ficado vermelho e Cinthia olhou para ele com uma carranca.

        — Meu nome é Cinthia — disse ela, calma, mas com um brilho de deboche nos olhos. Sim, ela não era Cláudia. Cláudia era uma mulher legal. Apesar da pouco idade que tinha, gostava mesmo do meu pai, dava pra ver. Era doce e simpática. Cinthia era totalmente o oposto. — Mas olá, para você também, Jake.

       Jake colocou uma mão sobre o coração e fez uma expressão de, nitidamente, falso choque — Oh, meu Deus, que gafe a minha. É que foram tantas que às vezes fico perdido. Desculpe, querida.

       — Jake, cale a boca — exclamou nosso pai, vermelho. Não sabia se o rubor era de raiva ou vergonha. Cinthia lançou um sorriso à Jake tão falso quanto podia.

         — Está tudo bem, querido. Não se preocupe. — falou, jogando os cabelos ruivos por cima do ombro. — Por que não vamos na frente? Não quero chegar em cima da hora.

        Meu pai assentiu — Sim, vamos, amor — mas antes lançou um olhar mordaz à Jake, que estava ocupado demais checando as unhas para perceber. Em seguida olhou para mim e assentiu — Parabéns, filho. Nos vemos lá.

        Quando foram embora não aguentei mais segurar. Me dobrei de tanto rir. Jake logo me acompanhou, se jogando no sofá enquanto gargalhava.

         — Cláudia? Tá brincando? — Rir ainda mais revendo a cena na memória — Ele ainda vai te deserdar.

        Jake parou de rir para tomar fôlego, respirando fundo, mas ainda sorrindo — Ele só não fez isso ainda porque ia sujar a imagem dele.

        — É verdade. — concordei. Olhei para o relógio de novo. Estava quase na hora. Peguei meu celular para mandar uma mensagem para ela. 

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