Isaac
Cinco dias depois...
Segurei o copo de vidro enquanto derramava uma boa quantidade do meu velho whisky, quase até a borda. Levei até os lábios e dei um grande gole, apreciando a ardência queimando minha garganta mas nem tanto quando ele chegou ao meu estômago vazio.
Enchi o meu copo mais uma vez antes de me dirigir para a varanda da cobertura. Apoiei os antebraços no parapeito de vidro e encarei o líquido âmbar, vendo, por reflexo, as ruas lotadas de carros e pessoas andando de um lado para o outro lá em baixo.
Era uma noite movimentada. E fria. A brisa gelada do vento estaria me congelando dos pés a cabeça se eu não estivesse totalmente vestido em um terno de três peças. Mas apreciava a corrente de ar no meu rosto.
— Bebendo tão cedo? — ouvi a voz de Jake se aproximando.
Suspirei, mas não me dei o trabalho de olhar para trás. — Preciso de álcool para encarar a festa de hoje. — falei calmamente, me referindo ao que nos aguardava na NRQ.
Pelo canto do olho, vi Jake parar ao meu lado e imitar minha posição. Ele também já estava pronto, embora sua gravata ainda estivesse solta e pendurada em volta do seu pescoço. — Sei... e você está se preparando há três dias? — perguntou sarcástico.
Fiz uma careta e parei o copo a centímetros da minha boca. — Eu não estou bebendo há três dias. — falei na defensiva, descendo a mão de novo e desistindo de dar outro gole.
— Não há três dias, mas bebeu nos últimos três dias. — ele deu de ombros, porém o movimento estava longe de ser casual. — Não tem muita diferença.
— Claro que tem.
Jake suspirou. — Olha, você sabe que...
— Que eu posso falar com você. Te contar qualquer coisa e chorar no seu ombro se eu precisar? — terminei o que eu já sabia que ele iria dizer. Já estava decorando de tanto que ele repetia. — Sim, Jake, eu sei. Obrigado.
Ele segurou o meu pulso quando eu tentei levar o copo à boca mais uma vez e me fez encará-lo. Seus olhos brilhavam com emoções que eu não sabia decifrar. Bem, só uma, na verdade. E parecia raiva.
— Não era isso que eu ia dizer, mas que bom que você sabe. — ele murmurou entredentes. — Sei que não é comigo que você quer falar. Não é de mim que você precisa agora. Mas ela...
— Também não quero falar com ela. — o cortei antes que ele continuasse e me levasse de volta para um lugar onde eu não queria estar.
Estava sendo doloroso e demorado, mas aos poucos, com o passar dos dias e com a ajuda do meu amigo âmbar aqui, estava conseguindo manter Katherine fora da minha cabeça por mais de três horas.
O que era a porra de um recorde.
Quem sabe o que eu conseguiria daqui uns meses?
Jake estudou meu rosto por um momento, depois respirou fundo. — Odeio ver você assim, porra. — murmurou, dando um passo para trás e passando uma mão no rosto.
— Eu estou bem. — dei de ombros, abrindo um sorriso torto. — Está se preocupando à toa.
Ele balançou a cabeça. — É, estou vendo. — ele olhou para a sala de estar e depois voltou os olhos para os meus. — Você já leu a carta da nossa mãe? — perguntou, e desta vez, me pegou totalmente de surpresa.
Desviei os olhos, negando com a cabeça. — Não. — respondi. — E você?
— Não, mas... — ele hesitou, e foi impossível não olhar para ele de novo para tentar identificar o motivo da sua hesitação. — Depois do que aconteceu... sobre a escola, você sabe. Talvez fosse bom para você falar com ela.
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Destino
Fanfiction+18 Cenas ilícitas e gatilhos. Katherine é uma jovem de 24 anos que acabou de ser demitida do seu primeiro emprego. Um dia, quando estava voltando para casa, percebeu que um mendigo havia sido espancado no meio da rua e resolveu ajudá-lo. O problem...