Capítulo 40

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Isaac

     Emory fechou a boca em volta do garfo e - com uma careta exagerada de medo - mastigou lentamente a comida. Fiquei petrificado enquanto a observava com expectativa. Por favor, esteja bom.

     Após alguns segundos de tensão, a carranca dela foi gradualmente se suavizando. Ela piscou, um pouco surpresa, mas começou a mastigar mais rápido, com mais vontade. Quando engoliu, me encarou com os olhos levemente arregalados — Isaac, isso está muito bom! — afirmou, animadamente.

     Quase desabei de alívio.

     Soltei um suspiro e me recostei na cadeira. Passei o dia tentando fazer uma lasanha, no mínimo comestível, para hoje. Ontem, depois que eu entreguei o presente para Kit, a convidei para jantar aqui em casa. Emory havia me pedido para chamá-la, na verdade, mas eu gostei da ideia e quis... agradá-la, fazendo sua comida favorita.

     As duas primeiras tentativas ficaram horríveis e resultou em Jake com um instintor de incêndio tentando apagar o fogo da cozinha mas... pelo menos agora eu acertei.

     — Você jura? — perguntei a Emory, ainda nervoso. Nunca havia cozinhado porra nenhuma em toda minha vida. E desde quando fazer uma lasanha era tão complicado? Parecia tão simples.

     Ela balançou a cabeça e deu outra garfada no pedaço que eu havia colocado na sua frente. — Sim. — respondeu, de boca cheia. — Está perfeito. Caraca, você acertou em cheio agora.

     — Ele conseguiu, então? — levantei os olhos para Jake quando ele chegou até a mesa da cozinha. Ele foi até ao lado de Emory e roubou seu garfo, recebendo uma carranca de indignação dela. — Porra, agora sim. — ele balançou a cabeça, depois que engoliu. — Estava com medo de precisar fingir que estava bom só para não te deixar mal mas, cara, isso está ótimo.

     — Ah, muito obrigado pela fé que você coloca em mim. — disse, revirando os olhos.

     Ele me lançou uma piscadela. — De nada.

     Emory empurrou ele com o ombro. — Ok, Jake, agora sai daqui, esse é meu. — ela resmungou quando meu irmão não parou de comer do seu prato.

     — Não seja egoísta, tem mais ali. — ele pegou o prato e levantou, deixando numa altura que ela não alcançava. — Gula é pecado, sabia?

     — Eu vou enfiar esse garfo no seu rabo se você não me devolver! — ela chiou, apontando o talher para ele como se fosse realmente uma arma. Jake fez uma careta.

     Soltei uma risada enquanto saía da cozinha, os deixando sozinhos naquela discussão ridícula. Precisava de um banho. Estou fedendo a alho e cebola. E a fumaça. Pelo menos valeu a pena no final, se a briga de Jake e Emory fosse um sinal de que a lasanha havia ficado boa.

     Subi as escadas e segui caminho para o meu quarto. Nate e Katherine chegariam daqui há alguns minutos. Confesso que fiquei surpreso por ela ter aceitado. Claro, como sempre, ela hesitou a princípio, mas no final acabou aceitando.

     Era incrível como sempre que eu achava que finalmente tinha amolecido o coração de Katherine, ela agia de uma forma que desmoronava completamente os meus sonhos. Não propositadamente, é claro. Nesses últimos dias, ela havia ficado muito mais relaxada ao meu lado. Não mudava de assunto quando eu falava sobre o que sentia ou fazia uma declaração boba. Muito pelo contrário, ela sempre me recompensava com um beijo.

     Mas isso era quando estávamos sozinhos. Quando estamos perto de outras pessoas, até mesmo de Jake, que sabe sobre nós, ela age... diferente. Mais afastada. Tanto fisicamente quanto emocionalmente. Eu tentava a todo custo entender ela e seus motivos, mas isso não impedia que doesse.

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