Destino

Capítulo 11

Isaac

 
        Suspirei pesadamente e passei a mão no rosto. Mantendo-a sobre minha boca e meu cotovelo apoiado na janela do carro. Segurava o volante com tanta força que os nós dos meus dedos estavam brancos. Estava acima do limite de velocidade mas não me importei.

       Havia acabado de deixar Katherine em casa. Quando contei para ela o motivo da ligação rapidamente nos aprontamos para partir. Ela evitava meus olhos enquanto juntava toda nossa bagunça e colocava no carro. O único momento que me encarou foi quando chegamos à sua casa, antes de sair do carro, apenas para agradecer e dar tchau. Nada mais.

       Porra. Nós quase nos beijamos. Aquela tensão que nos inundou quando ela me encarou ainda vibrava ao meu redor. Aqueles olhos verdes, um pouco arregalados, e brilhantes de emoções conflitantes. Não sabia se toda aquela intensidade era por causa do que ela havia contado ou pelo clima que existia entre nós dois naquele momento. Talvez as duas coisas? 

      As coisas vão ficar estranhas entre nós agora? Eu esperava que não. Eu gostava da amizade dela. A cada momento que passávamos juntos o meu carinho por ela crescia. E depois de hoje, ainda mais. Mesmo não tendo os mais fáceis do passado ainda é uma pessoa que vê o mundo com bondade.

      Soltei outro suspiro frustrado. Não vou deixar com que nada atrapalhe nossa amizade. Aquele quase beijo foi por conta da emoção do momento. Ela não queria aquilo. Eu... eu queria? Você quer transar com ela uma voz inconveniente sussurrou na minha cabeça. Sim, eu quero transar com ela. Mas não se isso significar não ter mais a amizade dela. Porque era o que iria acontecer; as coisas provavelmente ficariam estranhas depois disso. Isso, se ela quisesse transar comigo também, o que não era o caso. Nós concordamos em ser apenas amigos...

       Avistei uma fila de carros da polícia de Nova York que me tiraram dos meus pensamentos. Havia chegado na delegacia.

      Estacionei o carro numa vaga próxima e sai, seguindo em direção à entrada e agradecendo mentalmente por não ter nenhum fotógrafo ou repórter ali... ainda.

      Passeis os olhos pelo local assim que entrei, estava um pouco tumultuado aquele horário. Policiais indo e vindo, uma recepcionista no balcão, pessoas aguardando seja lá o que for.

       Andei apressado até à receptação, passos largos e pesados, punhos fechados de raiva. A policial atrás do balcão piscou quando levantou os olhos e me encarou. Ou por já saber quem eu sou ou pela minha expressão de poucos amigos.

       Abri a boca para perguntar que merda tinha acontecido, mas uma voz familiar me interrompeu.

       — Cara, você chegou. Finalmente. — virei meu rosto na direção da voz e vi Louis vindo na minha direção. Estava com o capacete da sua moto enfiado no braço, na curva do cotovelo. Os olhos ansiosos — Não querem soltar ele dessa vez. Disseram que iam chamar o senhor Clifford.

       Andei até ele — O que vocês estavam fazendo? — rosnei, quando parei na sua frente — Não me diga que era outra aposta idiota de corridas de motos, ou eu juro por Deus, eu vou fazê-los comer seus capacetes.

      Ele levantou as mãos de forma apaziguadora — Escuta, não era pra isso ter acontecido. Eu falei para ele não aceitar as provocações daquela garota. Mas você sabe como jake é, não escuta ninguém.

      — O que? Que garota? Fala logo o que aconteceu — falei, já perdendo a paciência. Olhei de um lado para o outro esperando ver Jake... ou nosso pai, mas não vi ninguém.

     — Depois que Jake saiu daquele desfile ele ligou pra mim, me chamando para irmos à uma festa clandestina que estava rolando nos limites da cidade. Você sabe, aquela que o Liam organiza todos finais de semana...