Capítulo 58

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Isaac

     Assim que chegamos ao hospital, Katherine foi tirada dos meus braços e colocada em uma maca, rodeada de médicos, que a atenderam na mesma hora. Não esperava menos do que isso. A trouxe no melhor hospital da porra da cidade.

     O único problema é que, desde que a levaram, não me deram uma droga de satisfação ou uma notícia sobre o estado dela. Sumiram com a minha Kit corredor adentro e mandaram eu ficar para trás, na sala de espera.

     Onde eu estava agora, andando de um lado para o outro, sem conseguir ficar parado. Ignorando os olhares curiosos das poucas pessoas ao redor. Apenas funcionários passavam por aqui. Outros acompanhantes ficavam em outras salas de espera, de acordo com cada paciente, o que era ótimo.

     Mia estava sentada em uma das cadeiras da sala, abraçando as próprias pernas enquanto tinha o queixo apoiado no joelho. Ainda estava com o vestido do desfile. O prata brilhante dava um contraste no mínimo estranho perto das paredes brancas do hospital e todo o clima pesado do ambiente.

     Seus olhos também ainda estavam vermelhos e ela não tinha dado uma única palavra desde que levaram Kit. Estava pensativa. Mas, pelo menos, havia parado de chorar.

     Não perguntei ainda o porquê ela se cupou com o que aconteceu com Katherine. Entretanto, tenho quase certeza que isso envolve a coincidência do apartamento dela ser no mesmo prédio em que Ian levou Kit.

     Ian. Só de pensar no nome dele uma onda de fúria antinatural inundava o meu corpo. Era consumido por uma raiva tão avassaladora que me cegava completamente. Embaçava os meus sentidos. Eu só conseguia me vê matando aquele...

     — Senhor Clifford?

     Parei os meus pés ansiosos e levantei a cabeça assim que ouvi uma voz feminina chamar. Uma enfermeira caminhava na minha direção, segurando uma prancheta e uma caneta. Seu semblante era sério e impassível.

     Andei até ela, sem esperar que chegasse até mim. — Como ela está? — exigi saber.

     Pelo canto do olho, notei Mia se colocando de pé e vindo até nós apressadamente. A enfermeira nos analisou de cima à baixo, com uma leve carranca confusa no rosto, provavelmente por conta das nossos roupas. — Hãn... eu preciso que o senhor responda esse formulário. Precisamos da identificação da paciente e da...

     Dei um passo à frente. — Como ela está? — perguntei de novo, ignorando a balela democrática. Porra, eu estou ficando maluco. Katherine chegou aqui quase sem respirar e ela quer que eu responda a droga de um formulário?

     A enfermeira soltou um suspiro impaciente. — Senhor, eu ainda não tenho informações sobre o estado da paciente. Ela está passando por alguns exames agora, desintoxicação e hidratação, para extrairmos a substância do seu sangue. 

     — Mas ela vai ficar bem? — Mia perguntou, antes que eu pudesse, mas soando tão preocupada quanto.

     A mulher balançou a cabeça e fez um movimento de ombros, meio confuso. — Eu sinto muito, mas eu não posso afirmar nada, eu sou a enfermeira, não sou a médica responsável. — nos explicou. — O que eu posso dizer é que ainda não se sabe qual foi a substância que a paciente ingeriu, então, até os exames acabarem, não podemos afirmar qual a gravidade do seu estado.

     Não sabem qual foi a porra da droga que Ian a fez engolir. Eu estava usando todo o meu autocontrole para não sair deste hospital e ir atrás dele. Katherine era a única coisa que me mantinha ainda aqui. Eu não sairia até ter certeza que ela está bem.

     Mas quando eu sair, quando eu pôr as mãos nele... não importará quantas audiências jurídicas eu terei que enfrentar, não vou descansar até ele pagar pelo o que fez. Pelo o que tentou fazer... com ela. Meu coração acelera e eu vejo vermelho só de pensar nele conseguindo.

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