Capítulo 4

2.3K 189 13
                                    

Katherine

        
      — Seja bem vinda à NRQ. Meus parabéns  — disse Clarisce. Uma mulher loira, de rosto gentil, que parecia ter... trinta anos? Talvez?

     — Muito obrigada. — respondi e em seguida me despedi. Só começaria daqui há três dias. Teria tempo de passar mais algumas horas com meu irmão antes de ficar atolada no trabalho de novo.

    Conseguimos sobreviver à esses dois últimos meses graças as minhas economias e meu último pagamento do meu antigo emprego. Estava quase me desesperando quando percebi o dinheiro acabando. Infelizmente é difícil achar um emprego em Nova York que cubra todas às nossas despesas. Mas estava cogitando aceitar qualquer coisa que me oferecessem.

     Até que vi na Internet o anúncio de vaga para secretaria no Império da New Red Queen. Tive que competir com mais outras vinte e duas candidatas. Fizemos uma entrevista com a equipe da empresa. Apenas eu e mais duas garotas fomos chamadas para ser entrevistadas pelo próprio presidente da NRQ, Isaac Clifford.

     Quase cai para trás quando vi ele sentado àquela mesa. Todo poderoso em um terno que provavelmente valia o meu apartamento. Não demorei a reconhecê-lo, saberia de quem era aqueles olhos há vários metros de distância. Olhos que não tinham saído da minha cabeça por várias noites seguidas.

      Cheguei ao meu carro, sentei no banco do motorista e deixei minha cabeça cair no volante. Argh. Por que tinha que ser ele? Vou continuar lembrando daquela noite sempre que o vir.

      Levantei a cabeça e suspirei. Ele disse que poderíamos ser amigos e esquecer o que aconteceu. Ele é um cara muito legal, não tentou me deixar desconfortável ou me envergonhar me dando o emprego apenas por ter transado comigo.

      Ele disse que eu era uma boa pessoa e que tinha tudo que precisava para a vaga. Sorri lembrando das palavras dele. Ele foi educado e gentil. Provavelmente nem lembrava do que tinha acontecido naquela noite, então não devia ser nada de mais para ele. Eu sou uma boba por ter ficado tão nervosa.

      Voltei para casa e no caminho passei na casa da Thessa para pegar o Nate. Ele estava sentado no banco do passageiro agora, lendo um livro, provavelmente de Shakespeare. Ou Jane Austen. Sorri olhando para ele. Cabelos pretos, olhos verdes do mesmo tom que o meu, pele clara e sardas no nariz. Ele era tão bonito.

      Ele virou o rosto inexpressivo para mim, sentindo meu olhar.    
      — O que foi? — perguntou, simplismente.

     —  Consegui um emprego. — disse, não esperando nenhum grito de felicidade ou comemoração. Nate não demonstrava nada emocional. Sempre sério e pacífico.

      Para quem não o conhecia, ele podia até parecer frio. Nunca foi de fazer amigos. Os únicos com quem se dava bem eram os filhos da Thessa. Tinham uma amizade linda.

      Mas eu conhecia ele. Eu sabia o que ele estava sentindo apenas pelos olhos. Ele podia não demonstrar afeto com palavras ou expressões, mas demonstrava com atitudes. Como quando ele me beija na testa sempre que me ver dormindo no sofá e acha que não percebo. Como lembra de mim sempre que ver algo interessante e faz questão de me mostrar também. Como me enrola em baixo do cobertor quando eu pego no sono enquanto trabalho em cima da cama e arruma minhas coisas porque eu sou a pessoa mais desorganizada do mundo.

      Embora eu ache que esse último tenha mais haver com a sua obsessão por organização do que carinho.

     — Que bom. — disse ele, assentindo. — Onde?

    — Na New Red Queen. Sou a nova secretária, do novo presidente da empresa e do vice também. — respondi, e senti borboletas no estômago na mesma hora. Seria meu segundo emprego na vida toda. Estava nervosa.

DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora