Capítulo 63

874 86 84
                                    

Katherine

     Eu nunca iria superá-lo.

     Isaac.

     Lembrei-me de ter visto o carro dele estacionado do outro lado da rua, há poucos metros de distância, na noite passada. Estava escondida atrás da cortina enquanto o observava pela janela, tentando adivinhar o que ele estava fazendo. Ou pensando. O porquê de ele estar ali.

     Esperei que ele saísse. Que ele viesse até mim e ficasse comigo, mas eu sabia que era um pensamento egoísta. Eu não devia esperar isso dele depois do que eu fiz e... do que eu não fiz.

     Ele deve ter vindo para ter certeza que eu estava bem, já que não nos despedimos no hospital. E ele fora fazer o que pode ter sido a maior estupidez da sua vida. 

     Bom, eu estava ótima, considerando minha saúde física. Eu não havia sequer entrado em coma e sim um desmaio longo, se é que posso chamar assim. Por isso a médica me disse que não havia me levado para a UTI. Ela já esperava que eu acordasse logo.

     Quanto a estupidez de Isaac... Eu não fazia ideia do que havia acontecido. Do que ele e Jake haviam feito.

     Depois que falei com os policiais, Emory me disse que já havia alertado Jake e Isaac, mas quando pedi mais detalhes sobre o que eles fizeram, ela não soube responder. Só disse para eu ficar calma e não pensar nisso.

     Como se fosse possível.

     Quando Isaac foi embora, ontem a noite, horas depois de ficar estacionado na frente da minha casa, eu finalmente deixei os meus ombros caírem e um longo suspiro deixou os meus lábios.

     Senti todo o cansaço dos últimos dois dias pesarem nas minhas costas e foi difícil até levantar os braços. Os meus olhos pesavam e uma nuvem escura embaçava os meus pensamentos, deixando-me como se eu estivesse em um pesadelo acordada.

     Deitei-me na cama e, olhando para o teto, revivi cada momento ruim pelo qual já passei. Todas as vezes que chorei e senti medo. E acho que, tirando a dor que senti quando perdi minha mãe, nenhuma outra se comparava com a dos últimos dois dias.

     No entanto, eu não chorei. Pensava em silêncio enquanto ouvia os passos de Thessa andando pela casa, porque ela se recusou a ir embora e decidiu ficar para passar a noite comigo. Mas respeitou meu pedido de me deixar sozinha no quarto.

     Mesmo que ficasse andando pelo corredor de um lado para o outro, como se esperasse ouvir um grito de socorro de mim. Será que ela sabia que dava para ouvir os seus passos? Acho que não.

     Eu não admiti para ela, porque só a deixaria mais preocupada, mas eu fiquei aliviada quando ela decidiu ficar. Eu não queria ficar totalmente sozinha. Saber que ela estava ali, perto, me deixou mais confortável. Não sabia o porquê.

     Mas, infelizmente, isso não foi capaz de me fazer dormir. Passei a noite em claro, encarando o teto, totalmente inexpressiva e tentando colocar as coisas em ordem na minha cabeça.

     Quando era, mais ou menos, três horas da manhã e os passos de Thessa haviam parado, me dizendo que ela havia ido finalmente dormir, eu já havia feito uma lista de fatos na minha mente.

     Fato número um: eu sou péssima em colocar os meus pensamentos em ordem por prioridades.

     Fim da lista.

     Agora, eram seis horas da manhã, quase sete, e eu estava sentada no sofá, olhando para um ponto invisível no tapete da sala, ouvindo nada além dos abafados passos da senhora Bennett em baixo da minha casa.

DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora