Capítulo 61

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Isaac

     Uma brisa do vento gélido da noite arrepia minha pele conforme eu saio do carro e caminho na direção do meu irmão, que está há pouco metros de distância, escorado na sua moto, fuçando o celular.

     Infelizmente, para Ian, a frieza da noite não foi capaz de sequer diminuir o fogo de fúria que queimava sob minha pele enquanto eu caminhava para mais próximo dele.

     Olhei envolta ao chegar cada vez mais perto de Jake. Era um lugar espaçoso, com galpões enormes ao redor e estacionamentos vazios mal iluminados. Franzi o cenho ao notar o cheiro de podridão que vinha de um rio próximo daqui.

     Nova York tinha suas partes sujas e esquecidas.

     Pelo menos, para a maioria das pessoas. Não para o meu irmão e o pessoal com quem andava.

     O dito cujo levantou a cabeça quando cheguei até ele e um sorriso mordaz curvou seus lábios. — Chegou rápido. — comentou, guardando o celular no bolso.

     Sim, eu havia chegado mais rápido do que deveria, com base na velocidade que eu deveria dirigir segundo a lei. Entrei no carro assim que saí do hospital e Jake, mesmo saindo minutos depois de mim, chegou primeiro por ter vindo de moto, já conhecer o local e pilotar como um louco.

     Sinceramente, eu não dava a mínima para isso agora. O que importava é que eu finalmente estava aqui.

     — Onde ele está? — perguntei, seco, encarando profundamente os olhos acinzentados de Jake.

     Ele suspirou e endireitou a coluna, afastando-se da moto. — Escuta, antes de irmos... — começou, com uma voz pouco habitual e eu franzi as sobrancelhas para ele. — Você precisa saber que ela está preocupada. Não faça nada com que...

    Um rosnado ficou preso na minha garganta, implorando para sair e calar a boca do meu irmão, mas eu engoli em seco, sentindo como se uma bola de sinuca tivesse descido goela abaixo.

     — Não foi isso que eu perguntei, Jake. — murmurei, em vez disso, clamando por paciência.

     Eu sabia muito bem o que Katherine estava pensando. Sabia o quanto ela devia estar preocupada com o que pode acontecer comigo. Mas isso não significava nada agora. Eu teria tempo para tranquilizá-la quando acabasse aqui.

     Eu estava cego. Tinha me controlado e controlado minha raiva desde quando chegamos ao hospital e Kit estava inconsciente. Eu tinha que estar no controle por ela naquele momento. Estar lá para ela.

     Mas agora...

     Agora que eu tinha certeza que ela estava bem, acordada e saudável o suficiente para quebrar o meu coração pela segunda vez, eu não podia mais esperar.

     Deixei com que aquela onda de fúria se libertasse e dominasse meu corpo. Agora, eu me sentia como a porra de uma bomba relógio, cada vez mais perto de explodir  conforme o tempo passava e eu não tinha Ian nas minhas mãos.

     Um vislumbre de cautela passou pelos olhos de Jake ao estudar meu rosto, mas isso mudou logo. Ele sacudiu a cabeça e, como um passe de mágica, aquela raiva e sede de violência voltou para sua expressão, acompanhadas do sorriso torto. — Eu sei que não, só queria passar o recado. — deu de ombros, então gesticulou para o galpão mais próximo e começou a caminhar até lá. — Venha. Louis trouxe ele para cá.

     Segui ele pelo caminho, encarando seu rosto com uma leve desconfiança. Eu sabia que Jake queria que Ian pagasse pelo fez quase tanto quanto eu, mas me perguntei se sua proteção por mim não atrapalharia os planos que eu tinha para o filho da puta.

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