Capítulo 48

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Isaac

     — As vendas no exterior aumentaram consideravelmente estes últimos meses. — comentou Jeremy, sem me encarar, analisando uns papéis que tinha em mãos. Suas sobrancelhas, grossas e grisalhas, estavam franzidas enquanto os lia.

     Me recostei na cadeira, atrás da minha mesa e levantei uma sobrancelha, contendo um sorriso. — Consideravelmente, é?

     Isso soou quase como um elogio. E até que foi um pouco gratificante de ouvir. Mesmo não gostando nem um pouco deste emprego, tentava não ser um péssimo profissional o máximo que podia.

     Consegui fazer alguns acordos promissores com investidores e empresários de países vizinhos ao nosso e, quando Emory tomar posse do controle da NRQ, conseguirá facilmente ampliar os negócios. Sim, eu estava feliz por isso.

     Jeremy levantou os olhos para mim e me observou por entre as lentes dos óculos de grau que usava. Ele era um velho bem ranzinza e explosivo, mas pelo menos estava aturavel hoje. Estamos na minha sala há algumas horas já e ainda não levantou o tom de voz nenhuma vez.

     Não sei se por medo de ser demitido ou realmente estava se esforçando para não ser inconveniente. Ele soltou um suspiro irritado e tirou os óculos do rosto. Coçou um olho com os nós dos dedos, parecendo cansado. — Sim, sim. Trinta e cinco porcento é um número impressionante em apenas poucos meses. Meus parabéns, filho.

     Sorri. — Ah, obrigado.

     — Seu pai deve estar muito orgulho, não é? — perguntou.

     Meu sorriso vacilou e eu voltei os olhos para o computador mais uma vez, voltando a responder alguns e-mails. — Não, na verdade ele está prestes a me deserdar. — respondi, dando de ombros. Todo mundo ia saber mesmo.

     Jeremy ficou em silêncio por alguns segundo. Não tirei os olhos do que estava fazendo para ver sua expressão. Não me importava. Meu pai está prestes a perder o controle total da empresa e logo logo todos saberão.

     — Então, é verdade. — disse Jeremy, lentamente. Voltei meus olhos para ele e o peguei me encarando com uma expressão curiosa e pensativa. — Você e seus irmãos pretendem mesmo tomar o lugar dele.

     Franzi as sobrancelhas. — Não vamos tomar o lugar dele. Só estamos pegando o que devia ser nosso há muitos anos. Nossa mãe nos deu sua parte. — argumentei. Não tínhamos culpa se ele resolveu vender tudo e agora terá que arcar com o prejuízo. Ele comprou esta briga com Emory, em primeiro lugar.

     O senhor riu um pouco e balançou a cabeça. — E eu achando que a notícia que eu vi era um exagero. — comentou, — Mas parece que é tudo verdade. Dominic Clifford vai mesmo deixar de ser o único dono da NRQ.

     Sim, ele irá, mas não me preocupei em dar mais detalhes. A imprensa já está fazendo um ótimo trabalho cuidando disso. Só hoje, recebi uns dez pedidos de repórteres para que eu participe de uma entrevista para dar mais detalhes sobre o processo. Pedi para Katherine negar a todos.

     Virei meu olhar para ela de novo. Ela estava de costa, trabalhando, mas as vezes a pegava olhando para mim por cima do ombro e quando nossos olhos se encontravam, ela girava a cabeça rapidamente para o outro lado.

     Depois que eu disse que ela iria comigo para o desfile, não deu tempo de ela responder ou dizer qualquer coisa, pois um segundo depois, Jeremy saiu do elevador e veio em nossa direção, me pedindo uma reunião de última hora para discutirmos alguns assuntos.

     Desde então, Katherine não para de olhar para mim de soslaio. Contive um sorriso. Se ela acha que pode me negar isso, está muito enganada. Ela não irá com ninguém além de mim e eu com ninguém além dela. Eu quero ela do meu lado. Assim como esteve no primeiro desfile da NRQ sob a minha direção.

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