Capítulo 32

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Isaac

Momentos antes...

     — Ele vai nos matar, não vai? — perguntou Jake, tranquilamente. 

     Estávamos inclinados, apoiando os cotovelos no parapeito de vidro da nossa varanda. Ambos encarando os carros passando na avenida sob nós, os prédios ao nosso redor. O vento frio da noite estava fazendo os pelos dos meus braços se eriçarem e o meu cabelo se desgrenhar.

     — Talvez. — respondi, assentindo. — Ou ele vai pagar para outra pessoa fazer isso e depois fingir tristeza no nosso funeral.

     Jake soltou uma risada e balançou a cabeça — Espero que Em contrate strippers para dançarem em cima do meu caixão.

     Meus ombros tremeram com uma risada, imaginando a cara do nosso pai presenciando essa cena. Jake, Emory e eu tivemos uma longa conversa hoje. E decidimos que íamos, de fato, brigarmos com nosso pai para conseguirmos nossa parte das ações.

     Eu ainda não havia visto ele desde ontem, quando saiu de sua casa, puto com a nossa irmã. Estava rezando para ter coragem o suficiente para enfrentá-lo, mesmo depois de tudo que fez por mim. Sim, desde que a mamãe morreu ele se tornou um pai horrível e passou a espancar Jake e eu para nos corrigir – ou só descontar suas frustrações – mas ele ainda era o meu pai. Havia me dado tudo que tenho hoje. Educação, suporte, um teto... o que eu faria se não fosse ele?

     E agora eu estava maquinando, junto com meus irmãos, arrancar uma empresa pela qual ele dedicou toda sua vida.

     Soltei um suspiro e deixei minha cabeça pender entre meus ombros. Eu estava sendo egoísta demais por querer fazer da minha vida o que eu quero? Se Jake me perguntasse isso eu com certeza diria que não. Mas não consigo ver da mesma forma no meu caso.

     — Ele bateu em você, não foi? — perguntou meu irmão, um momento depois. Virei meus olhos para ele e o peguei me encarando. — Sei que foi ele.

     Merda. Jake não havia tocado no assunto até agora. Provavelmente porque Emory passou o dia todo do nosso lado e só agora foi para o quarto de hóspedes que decidiu que seria seu apartir de hoje.

     Olhei para frente de novo — Não foi nada demais.

     — Você sempre diz isso. — retrucou, com a voz ríspida. — Quem ele pensa que é? Nós devíamos...

     — Esqueça, Jake. — dei de ombros, tentando fingir indiferença — Já foi.

     Meu irmão ficou em silêncio por um momento, mas podia sentir seus olhos em mim. Quando percebeu que eu não tinha interesse em continuar o assunto, empurrou o parapeito e entrou na nossa cobertura. Soltei um suspiro e passei a mão no rosto. Droga. Um segundo depois segui para dentro também.

     Olhei ao redor e vi Jake de costas para mim, procurando algo dentro da geladeira. As tatuagens na suas costas se moviam conforme seus músculos se contraiam com os movimentos dos braços. O cara era cheio de tatuagens. Combinava com ele. Mas para minha tristeza, Jake adorava desfilar só de cueca na nossa casa. Como se o filho da mãe não sentisse frio.

     Me aproximei e sentei no balcão, que ficava no centro da cozinha. — Como foi ontem no trabalho? — perguntei, tentando fazer com que esquecesse do nosso assunto anterior.

     — Uma merda, como sempre. — respondeu, abrindo uma latinha de refrigerante e sentando-se ao meu lado. — Mas se está se referindo as fofocas que deviam estar rolando sobre você e Katherine, pode ficar tranquilo.

     Fiz uma careta confusa. Fofoca...? Porra. Arregalei os olhos. É claro. Lisa e Ryan viram a nossa ceninha no club naquele dia. Como eu poderia ter esquecido? Será que Katherine sabia? Porra. Abri a boca para perguntar à Jake exatamente o que ele havia respondido.  Posso ficar tranquilo? — Como assim? Está querendo dizer que eles não falaram nada?

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