Capítulo 20

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Katherine

      Meia hora depois que Isaac havia chegado, seu pai saiu do seu escritório. Seguindo direto para o elevador sem sequer um olhar na minha direção ou para a sala de Jake. Fiz uma careta de desgosto para suas costas. Em poucas ocasiões em que o vi, ele sempre foi um mal–educado. Para dizer o mínimo.

      O telefone começou a tocar e sabia pela pequena luz que piscava nele, que era uma ligação de Isaac. Olhei por cima do ombro para sua sala, mas todas as cortinas ainda estavam fechadas. Franzi as sobrancelhas e atendi a chamada.

      — Sim? — perguntei
      — Pode vir até a minha sala, por favor?
      — Claro, estou indo.

      Me levantei e caminhei até sua porta. A voz dele estava estranha. Não, não estranha. Neutra, na verdade. O que era estranho porque ele não estava assim antes de falar com seu pai. Abri a porta devagar e pus minha cabeça para dentro. Ele estava recostado na sua cadeira, seus cotovelos nos braços do assento e olhava para a mesa sem de fato vê-la. Estava pensando.

       Limpei a garganta — Precisa de alguma coisa?

       Ele piscou e levantou os olhos para mim — Preciso... conversar. — ele engoliu em seco e apontou com o queixo para a cadeira na sua frente — Pode se sentar, se quiser.

        Assenti, entrei e fechei a porta atrás de mim. Não conseguia decifrar o que ele estava sentindo. Parecia... confuso. Em conflito. Me sentei à sua frente e cruzei minhas mãos no joelho.

       Inclinei minha cabeça para o lado, o encarando — Está tudo bem, Isaac?

       Ele assentiu com veemência — Sim, sim. Não se preocupe. Eu só... — ele suspirou e passou a mão no rosto — Preciso conversar com alguém. Com você.

       — Estou ouvindo.

     Ele me encarou por um momento, o olhar suave mas o corpo tenso. O que será que o pai dele havia dito? Franzi as sobrancelhas. Isaac se levantou de repente e foi até a porta, segui ele com os olhos e o vi a trancando. Depois caminhou até mim, segurou minha mão e me levantou. Não protestei. Ele me levou até sua cadeira, se sentou e me puxou para o seu colo. Ofeguei, surpresa. Olhei depressa para a porta, mas ele havia acabado de trancá-la.

       Olhei para ele de novo. Me remexi na sua perna e me sentei de lado, segurando seu rosto entre as mãos — O que foi, Isaac? — perguntei, minha voz baixa.

      Ele colocou uma mão no meu joelho e começou a acariá-lo distraidamente — Minha irmã está voltando.

      Franzi as sobrancelhas — Sua irmã? Emory Clifford? Mas... ela não estava na Europa, fazendo faculdade?

      Ele assentiu — Sim. Mas meu pai disse que ela mandou uma carta, escrita à mão, avisando que estava voltando para Nova York.

       Carta? Escrita à mão? Ela gostava de uma boa revelação. Mas... não entendia a reação de Isaac. E porque o pai dele viria até aqui só para falar isso?

       — E isso não é bom? Ela é sua irmã. Deve estar com saudade. — tentei, examinando seu rosto em busca de qualquer sinal de que eu estivesse errada.

       Ele me encarou — E eu estou feliz. Emory é... — ele sorriu com suavidade. Um sorriso lindo que quase me tirou o fôlego. — Incrível. A melhor irmã que eu poderia ter. Inteligente, gentil, animada, festeira. Estar perto dela é amá-la. 

       Sorri diante da forma que ele falava dela. Do carinho que emanava em cada palavra. — Ela parece ser mesmo maravilhosa. Mas, então, por que essa cara?

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