Destino

Capítulo 15

Katherine

           
      — E você topou? —  indagou Thessa, perplexa, mas com um sorriso de orelha à orelha.

      — Sim! —  exclamei, minha voz abafada pela almofada em que eu tinha enfiado a cara para esconder o meu constrangimento.

     Havia acabado de narrar toda minha conversa de ontem com Isaac. Depois que concordamos em manter uma amizade colorida – meu Deus, esse termo é tão engraçado – conversamos por mais alguns minutos e ele foi embora. Além de um beijo na boca lento antes de ele entrar no carro, não aconteceu mais nada. Embora eu tenha ficado tentada à arrastar ele para dentro de novo.

      Ainda não sabia como encarar ele depois da nossa conversa e do nosso novo status de relacionamento, por isso passei aqui na casa de Thessa, faltando alguns minutos para eu ir trabalhar. Precisava desabafar com alguém. Pedir a opinião de outra pessoa em quem eu confiasse.

      Thessa estava debruçada sobre o chão da sala, apoiando-se nos cotovelos e o rosto entre as mãos. Como uma criança ouvindo uma história de contos de fadas. Eu andei de um lugar para o outro enquanto contava tudo à ela. Desde o começo. Os olhos dela se arragalavam a cada palavra minha.

      Agora estava sentada diante dela, mas no sofá, com o rosto enfiado na almofada.

       — Então, vocês ainda podem ficar com outras pessoas? — perguntou ela, curiosa.

    Levantei a cabeça e a encarei — Sim. Continuamos sendo amigos, mas agora... Bom, com benefícios? — falei, contendo um sorriso.

       Thessa gargalhou, deitando-se de costas agora e batendo palminhas — Eu não acredito nisso! Quem é você e o que você fez com minha amiga? — brincou, olhando para mim — Finalmente você está aproveitando o bom da vida, garota. Achei que você iria morrer solteira.

       Fiz uma careta diante da sua última frase. — Mas eu ainda estou solteira — à lembrei.— Como eu disse, somos amigos...

      Thessa levantou o tronco do seu corpo rapidamente, levantando uma mão na minha direção para me calar — Espera aí. Está querendo me dizer que esse rolo todo não vai dar em namoro? Você é mesmo bem ingênua.

      — Como é? — perguntei com uma carranca.

      —Hello? — ela estalou os dedos na minha cara — Em que mundo você vive? Por acaso já assistiu alguma comédia romântica em que o casal que tem um namoro falso, ou amizade colorida, ou seja lá o que for, não se apaixonam?

      Gargalhei, deixando minha cabeça cair para trás — Não seja ridícula — falei, entre as risadas — Não é assim com a gente. Ele mesmo disse que não gosta de namorar. E quando foi que eu namorei? Nunca. Isso é apenas uma atração sexual passageira.

       Ela fez uma careta engraçada, mechas do seus cachos castanhos caindo ao redor do seu rosto depois de escaparem do coque — Mas... ele parece gostar de você. Você não gosta dele?

      — Claro que eu gosto. Somos amigos, quantas vezes preciso...

     — Não é desse jeito que estou falando, sua idiota —  disse, revirando os olhos — Estou me referindo à sentimentos mais... profundos. Paixão.

    Fiz uma careta. Paixão? Não falamos nada sobre sentimentos justamente porque estava óbvio que não existia isso entre nós. Pelo menos, não desse tipo.

     — Não... — balancei a cabeça com veemência, negando — Não sinto nada por ele e nem ele por mim. Tenho certeza.

      Bom, meu coração acelerava quando ele me olhava nos olhos, gostava de falar com ele, me sentia confortável em falar qualquer coisa para ele, sentia uma forte atração sexual por ele e queria beijá-lo sempre que o via. Mas acredito que metade dessas coisas são normais entre amigos e a outra metade é pura tensão sexual, por isso concordei com a amizade colorida.