Capítulo dezenove

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NICO

— Você apareceu numa hora erradíssima. — Resmunguei, irritado.

Notei que meu rosto ardia, me observei no espelho de canto do escritório e notei que eu estava vermelho e meu rosto estava cheio de marcas de unhas, alguns dos botões da minha camisa estavam abertos e ela já não estava mais enfiada na calça. Meus cabelos estavam uma completa bagunça e os meus lábios inchados do beijo. E claro, era difícil andar com a minha ereção, lembrando-me do que quase fiz em cima da mesa do escritório.

Anna merecia mais do que ser fodida em cima de uma mesa, ela merecia uma cama macia e muito carinho vindo de mim. Talvez um pouco de carinho, eu não sabia ser carinhoso, não na hora do sexo e muito menos com uma mulher como ela.

— Eu não fazia ideia de que você iria largar os convidados lá embaixo e transar com aquela assassina na minha mesa de carvalho. — Paolo entrou irritado e parou do meu lado. — Essa mesa custou caro, Nico.

Dei de ombros.

— Comprarei outra, não se preocupe com isso. — Respondi. — E seja mais respeitoso com a minha mulher.

Paolo olhou curioso para mim.

— Você estava fingindo, não estava? — Engoli em seco com a sua pergunta.

Não.

Em nenhum momento eu fingi, a bebida libertou todos os meus desejos mais obscuros e o principal deles era Anna.

Eu gostava do gosto dos lábios dela, da sua pele e agora do cheiro da sua intimidade. Eu deveria odiá-la, mas sem que percebesse, comecei a nutrir um desejo avassalador por Anna, esquecendo-me do meu plano de um dia me vingar dela, contudo, eu não via mais sentido em continuar.

Anna não merecia sofrer mais do que já sofrera em toda a sua vida, ela merecia ser cuidada, protegida.

E de preferência por mim.

— Não. — Sentei no sofá. — Foi real.

Paolo olhou-me chocado e se sentou na poltrona, meu amigo ficou um bom tempo calado, sem nem saber o que dizer.

— Você... — Ele franziu a testa pensando na forma certa de perguntar aquilo.

— Se eu me apaixonei pela pessoa que jurei ao meu pai destruir? — Concluí a pergunta para ele, neguei com a cabeça. — Não e eu nem saberia como é estar apaixonado, nunca me ocorreu isso, eu só não consigo sentir mais ódio pela Anna, talvez ela não seja o monstro que todos pensam.

Paolo assentiu, visivelmente em choque.

— Bom, é você quem passa mais tempo com ela, então deve saber mais do que eu. — Ele murmurou. — Anna é bonita, bem-educada, talvez um pouco louca? Talvez, mas daria uma ótima esposa para você Nico, e é óbvio que vocês fazem bem um para o outro.

Encolhi os ombros.

— Você acha? — Perguntei com a vulnerabilidade de um menino.

Paolo assentiu.

— Você parece mais leve, feliz. — Ele respondeu. — A mesma coisa com a Anna, você cuida bem dela de uma forma que até mesmo a Lianna chorou de felicidade.

Franzi a testa.

— Como assim?

Paolo suspirou.

— Sua cunhada me pediu fotos da Anna para saber se ela estava sendo bem tratada. — Revirei os olhos, enquanto Paolo tirava algo da sua maleta. — Era um dos acordos da Cosa Nostra para retomar a aliança.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora