Capítulo catorze

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No fim o jantar realmente aconteceu e exatamente da maneira que eu e Mary planejamos.

Infelizmente Catarina não estaria presente para ver o resultado da sugestão dela, a pobrezinha havia voltado para o Maine para perto dos pais, Mary havia me dito que ela passou toda aquela noite assustada e chorando baixinho.

E eu entendia bem.

Quando estávamos saindo dos quartos e indo para as escadarias em direção a casa de Paolo, passamos pelo cara que havia tentado estuprá-la. Ele estava caído no chão próximo da escada e Catarina caiu no choro quando avistou o homem, era bem o desgraçado que eu havia fechado os seus olhos.

Se Nico não tivesse confiado em mim, se ele tivesse saído com a arma e travado na hora de atirar, Catarina teria sido estuprada e até mesmo morta, ela só não foi porque os tiros impediram aquele homem.

— Você está pensativa, senhora. — Mary falou enquanto ajeitava os meus cabelos em um coque cheio de brilho. — É pela Catarina? — Seus olhos se encheram de lágrimas.

Assenti.

— Eu gostava dela. — Murmurei. — Eu sentia que ela tinha medo de mim, tenho certeza que as conversas das coisas que fiz chegaram nos ouvidos dela e bem, a Catarina é só uma menina.

Mary deu um sorriso.

— Ela tem dezoito anos, sabia? — Olhei surpresa, eu jurava que Catarina tinha a idade da Marina. — Ela veio para a Califórnia estudar, mas percebeu que não era o que realmente queria, Catarina gostava de teatro, mas precisava de trabalho e Nico a contratou.

Assenti.

— Mas eu nunca vi ela saindo de casa. — Murmurei.

Mary deu um suspiro.

— Na noite do ataque, Catarina tinha um teste para um filme, penso que foi por isso que os soldados a encontraram, ela deveria estar organizando o resto das coisas para poder sair e fazer o teste. — Mary encolheu os ombros. — Catarina estava muito feliz e muito confiante que conseguiria o papel, uma pena que ela tenha ido embora.

Apertei carinhosamente a mão de Mary.

— A menina precisa se recuperar desse trauma e nada melhor do que a família que a ama para ajudá-la com isso. — Falei carinhosamente. — Tenho certeza que ainda vamos vê-la brilhando na TV.

Mary sorriu e assentiu com veemência.

Precisávamos nos apegar a pontinha de esperança que existia ao nosso redor.

— Bom senhora, seu cabelo já está pronto. — Mary deu um último retoque nos brilhos que se destacavam nos fios cobres. — Precisa de ajuda com o vestido?

Neguei.

Eu conseguiria colocar o vestido sem problema algum.

Mary assentiu e saiu do quarto, nesse momento Nico entrou apressado e foi para o banheiro.

Desde o nosso momento íntimo duas noites atrás e o nosso beijo na praia, ele estava mais distante, nem sequer dormia na mesma cama que eu e não me dirigia a palavra. Nico sempre estava tenso e preocupado, passava todo o seu tempo resolvendo problemas com Paolo.

No início eu não entendi porque ele estava agindo assim, mas depois eu compreendi.

Nico me odiava e ele tinha suas razões, provavelmente a culpa havia sido grande, eu não fui a única a sentir coisas naquela noite, inclusive adormeci antes mesmo dele sair do banheiro.

E depois do beijo... Bom, definitivamente eu não fui a única a sentir coisas.

Suspirei cansada e levantei-me para colocar o vestido que era um frente única verde de seda, ele desenhava cada curva do meu corpo, tirei o meu roupão e me enfiei no vestido, notei haver uma fenda lateral que ia até à minha coxa.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora