Capítulo trinta e sete

2.4K 201 43
                                    

No momento em que Nico levou um tiro, tudo que eu conseguia pensar era se ele estava morto.

Eu não conseguia pensar em mais nada, os barulhos de tiros e gritos que vinham do lado de fora haviam sido bloqueados por essas palavras terríveis.

Eu não conseguia ser racional, apenas emocional.

Olhei para Paolo e para Enrico com tanto ódio que ambos perceberam que eu já não era mais Anna e sim a traidora que todos temiam.

Enrico conseguiu se afastar de mim, mas Paolo não. Segurei com força na sua garganta, antes que ele tivesse chance de reagir.

Notei que Mary atirava em cada soldado que saía do seu posto.

Os dois estavam sem saída.

— Sou a porra da chefe desse clã. — Rosnei para os outros soldados. — Não esses dois merdas.

Paolo começou a ficar vermelho, olhei para Nico, notei que de alguma forma Enrico havia se aproximado dele com uma arma, nesse momento cravei o meu bisturi no pescoço do merda do Paolo, eu precisava chegar até Nico, eu precisava salvá-lo, depois eu acabava com a vida daquele covarde.

Tirei duas armas de dois dos soldados mortos e corri na direção da mureta de pedras, me apoiei no pilar e deslizei por ele até alcançar o andar inferior.

Eu estava enfurecida e tudo que eu mais queria era extravasar todo o meu ódio, eu não estava sequer me importando se no processo eu sairia machucada.

Eu já estava.

Ergui minhas duas armas e girei enquanto atirava, lágrimas rolaram pela minha bochecha e um grito de ódio escapou da minha garganta seguido de um sorriso sombrio que surgiu no meu rosto.

— Vocês não aprendem nunca, não é? — Gritei por cima dos tiros, Paolo estava com a mão na garganta e me olhava em choque, Enrico havia sido ferido com meus tiros e estava caído no chão, olhando cheio de terror para mim. — Vocês não devem brincar com uma pessoa louca.

Um por um, os soldados naquele salão foram caindo, todos mortos com um tiro na cabeça.

Todos mortos por mim e eu não me arrependia nem um pouco.

Assim que vi Paolo correndo em direção às portas duplas escuras, mirei na sua canela e ele caiu no chão com um urro de dor.

— Como ousa sair assim? — Falei com uma risadinha. — Logo agora que comecei a me divertir?

Olhei para Mary e vi que ela estava amarrando o pulso de Paolo. Com a minha visão periférica, observei que Enrico estava se arrastando para longe de mim, mas me aproximei com rapidez dele.

— Onde você pensa que vai, cunhadinho? — O chutei nas costas, fazendo-o cair de barriga no chão. — Você vai ficar bem aqui, paradinho.

— Sua vagabunda, quem você pensa que é? — Enrico rosnou para mim.

Dei outro chute nele, dessa vez na sua costela, um gemido de dor escapou dos seus lábios.

— Anna Lombardi, a chefe do clã e a responsável por ordenar a sua prisão e o seu julgamento.

Antes que Enrico tivesse a chance de falar algo, dei uma coronhada na sua cabeça, fazendo o cair desacordado, eu não iria perder mais tempo com aquele merda, eu precisava saber de Nico, eu precisava me certificar de que ele estava bem.

Virei-me para o homem que eu amava e corri até ele, meus dedos trêmulos tocaram no seu rosto machucado e deslizaram até a marca de onde a bala havia ferido ele.

Engoli em seco.

— Ah, Nico. — Chorei baixinho. — Você não pode morrer, eu não permito que você morra.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora