Capítulo trinta

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NICO

Eu detestava viajar de avião.

Ainda mais naquelas condições.

Contudo, eu havia jurado para mim mesmo que não iria me sujeitar mais aos meus sentimentos pela Anna, eu sabia que a amava e soube no momento em que meu pai apareceu na minha casa desesperado devido ao sumiço da minha mãe.

Coloquei-me no seu lugar e naquela noite entendi que uma parte de mim, morreria se algo acontecesse com Anna. Naquela noite eu estava mal, mas a trapaceira acreditou que fosse pela minha mãe, entretanto era por causa dela, era pelo medo de alguém conseguir fazer alguma maldade e tirá-la de mim.

Pensei que poderia conviver com o fato dela amar outro homem, mesmo que ele estivesse morto, eu pensei que poderia suportar aquilo, mas eu não pude, não quando ela me deu esperanças e as arrancou sem piedade alguma.

Não quando ela me chamou de fraco, não quando ela mencionou meu irmão e meu trauma relacionado a ele.

Naquele momento entendi que seria melhor para nós dois e para o amor puro e sincero que eu sentia por ela, se eu simplesmente fosse embora e eu fui. Meu pai percebeu o meu estado assim que cheguei na sua casa, ele viu meu olhar perdido e percebeu o quanto eu estava de coração partido.

Meu pai nada disse, não jogou absolutamente nada na minha cara, apenas me abraçou e permitiu que eu chorasse nos seus braços, exatamente como eu fazia quando era criança.

Eu os decepcionei, eu os deixei de lado e foquei apenas em Anna e o resultado foi desastroso, mas eu iria mudar as coisas. Eu iria ajudar o meu pai a cuidar da minha mãe, eu iria ficar mais tempo com eles e seria um filho dedicado aos meus pais como sempre fui.

Como eu era antes de Luna morrer e me fazer querer vingá-la.

Eu estava sentado na poltrona do jatinho dos Lombardi com a minha mãe, me ofereci para dar comida para ela, que se recusava a comer sozinha. Meu pai havia ido dormir um pouco, era nítido que ele estava exausto emocionalmente.

— Você está triste, meu filho. — Minha mãe falou suavemente enquanto terminava de engolir sua comida.

— Claro que não, mãe. — Falei com um sorriso forçado.

— Conheço meus filhos. — Ela falou com um ar de superioridade. — Sei quando vocês estão bem e quando não estão.

Abri um sorriso triste.

— Tomei uma péssima decisão e estou arrependido. — Respondi por fim.

Minha mãe ergueu as sobrancelhas, ela não iria aceitar apenas aquela explicação.

Então desabafei com a mulher que me trouxe a vida, contei tudo sobre a Anna e sobre quem ela era. Sobre como eu me sentia idiota por deixar minha guarda tão desprotegida, por permitir amá-la.

Minha mãe não gritou ou me chamou de péssimo filho, surpreendentemente ela apertou as minhas mãos com força.

— Sinto muito que os sentimentos do seu pai e os meus sentimentos tenham te perturbado tanto. — Ela murmurou. — E eu sinto muito que ela não goste de você da mesma forma, você é um menino maravilhoso, sempre foi, merece alguém que reconheça isso e valorize.

Engoli em seco.

— Está tudo bem, mãe. — Falei enquanto brincava com uma ervilha. — Vou ficar bem.

Minha mãe suspirou.

— Isso é culpa minha. — Ela falou baixinho. — Eu deveria ter sido sincera com todos vocês e nada disso teria chegado onde chegou.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora