NICO
Assim que eu me sentei no meu escritório e joguei as minhas pernas em cima da mesa, Paolo me ligou.
Ele havia ido embora para sua casa na cidade vizinha.
— Vou seguir o seu plano. — Falei assim que atendi a ligação. — Vou brincar com o coração da Anna.
Antes de receber o áudio do meu pai, antes de tudo aquilo, eu realmente estava sendo gentil com Anna. Me doeu vê-la toda frágil acreditando que eu ia violentá-la, naquele momento deixei meu lado humano falar mais alto, imaginei quantas vezes aquilo não teria ocorrido com ela, mas quando Anna foi para o banheiro, me toquei do que eu estava fazendo.
Eu a odiava, odiava o que ela havia feito e iria me vingar, iria partir o seu coração igual aquela mulher fez com o meu quando matou minha irmã e fez a minha mãe passar novamente pela dor do luto. Uma dor que ela carregava há tantos anos e diminuiu quando descobriu a existência da minha meia-irmã.
— Certo. — Paolo deu uma risada. — Mudou de ideia por quê?
Suspirei.
— Ela precisa pagar pelos erros dela. — Murmurei —, mas o que você queria comigo? — Falei enquanto usava a faquinha de abrir correspondências para limpar minhas unhas, que sequer estavam sujas, eram apenas uma mania tola.
Notei meu amigo exalar o ar, franzi a testa.
— O Lorenzo exige uma videoconferência com você. — Ele falou. — E eu marquei uma para daqui três minutos.
Ajeitei-me na cadeira.
— O quê? — Praticamente gritei — Por quê?
Paolo suspirou.
— Talvez seja para dar às duas escolhas a você. — Ele falou. — Essa é a chance para contar sobre casamento.
Passei o polegar pelo meu queixo, de fato, aquela reunião com Lorenzo seria muito propícia para o momento.
Eu e Paolo havíamos decidido que se fosse para eu me casar com Anna, teria que ser o mais depressa possível, visto que a qualquer momento Lorenzo poderia aparecer para me colocar contra a parede e exigir que ou eu entregasse Anna, ou abrisse mão do cargo de chefe.
— Certo. — Murmurei. — Só isso?
— Não, o capo de Los Angeles e do clã Leone quer preparar um jantar para você e sua esposa. — Paolo começou a rir baixinho. — Aposto que isso é coisa da Arya.
Gemi baixinho.
— Certo, para que dia? — Perguntei. — Na verdade, diga que quero realizar um jantar em comemoração ao meu matrimônio, assim eu não corro o risco de Lorenzo me encontrar, não quero ter que me mudar de condado de novo.
Há aproximadamente dois meses, precisei me mudar de Humboldt o mais depressa possível, meus soldados me informaram que Lorenzo estava na cidadezinha, por isso fomos para mais perto do litoral e comprei uma casa ali, felizmente havia um porão na mansão, Anna foi dopada e a levei desacordada no banco de trás do meu carro, se ela percebeu a mudança no porão, nunca comentou.
— Bom, eu preciso desligar. — Falei assim que o notebook começou a apitar com a notificação de Lorenzo. — Depois ligo de volta.
Paolo murmurou um sim e finalizamos a chamada, apertei enter no teclado do notebook e um sorriso de orelha a orelha surgiu no meu rosto. Lorenzo estava mais relaxado desde a minha visita ao seu escritório, uma visitinha que me custou um soco no maxilar, que a esposa dele foi a responsável por dar em mim.
Eu gostava da Lianna, achava ela intrigante para uma jovem da máfia.
— Que bela surpresa. — Falei com um sorrisinho. — Você continua radiante, o casamento fez bem para você.
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A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4
Romance[QUARTO LIVRO DA SÉRIE: OS MAFIOSOS] Traidora, psicopata, trapaceira, maluca e assassina. Esses eram só alguns dos adjetivos que deram a Anna, a traidora da família Marchetti, a culpada por matar seu pai, seu marido e a falecida e íntegra esposa de...