Capítulo vinte

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A viagem de iate até a ilha, que seria o meu novo lar, havia sido surreal.

Eu amava o frescor do mar, do sol aquecendo a minha pele e a vista era simplesmente de tirar o fôlego. Eu não entrei em nenhum momento, fiquei o tempo todo no convés, apoiada na borda e observando a água azul do oceano com alguns peixes que às vezes resolviam aparecer.

Nico, no entanto, ficava a todo momento tirando fotos, a maioria de mim.

— Cuidado para não cair do iate. — Ele falou com um sorrisinho nos lábios. — Você não está participando de um musical da Pequena Sereia.

Olhei para ele e abri um sorriso convencido.

— Se eu estivesse participando, tenho certeza de que eu seria a própria Ariel. — Respondi. — Sou pequena e ruiva.

Nico fingiu pensar sobre o assunto.

— Hum... — Ele se aproximou. — Na verdade, acredito que você daria mais certo para ser aquela bruxinha do mar. — Fiz uma careta e já estava pronta para lhe dar um soco. — Suponho que o nome dela seja Úrsula, não é?

Olhei para Nico enfurecida e fiz o que uma garota de cinco anos faria: mostrei a língua para ele.

Nesse momento Nico tirou uma foto e suspirou prazeroso.

— O retrato da sua verdadeira essência. — Ele murmurou bem-humorado.

— Nico, vá importunar outra pessoa, eu imploro. — Respondi enquanto voltava a minha atenção para o oceano.

— Ah, mas outra pessoa não tem graça. — Ele parou do meu lado e senti seu braço encostar no meu. — Tem que ser você.

Revirei os olhos e tentei ignorar sua presença.

Contudo, ignorá-lo era difícil, Nico estava impossível, ele parecia uma criança. Aquele patife havia conseguido uma pena de gaivota não sei onde e estava passando a ponta no meu queixo, provocando cócegas em mim.

Peguei a pena da sua mão e joguei na água.

— Céus, que mulher azeda é essa que arrumaram para mim? — Nico resmungou.

— Você é muito chato. — Sibilei. — Parece uma criança.

Nico suspirou, afetado.

— Quem acabou de dar língua aqui não foi eu, trapaceira. — Ele murmurou.

Bufei.

Minutos depois Nico parou atrás de mim e me segurou pela cintura, olhei assustada para ele.

— Sabe por que eu não concordo que você seja a Ariel? — Nico perguntou no meu ouvido, sua voz estava carinhosa e só por isso permiti que ele continuasse me abraçando por trás.

Suspirei.

— Por que você é irritante?

Nico deu uma risada.

— Porque considero você muito mais inteligente do que a Ariel, que renunciou tudo por um homem. — Ele murmurou.

Revirei os olhos.

— Céus, eu fiz exatamente isso pelo Sandro, Domenico. — Retruquei, irritada.

Nico bufou.

— Você também não colabora, não é Anna Lombardi?

Um sorriso surgiu no meu rosto ao ouvir o meu nome com o seu sobrenome, soava até bonitinho.

Depois de alguns segundos em silêncio, Nico suspirou.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora