Capítulo trinta e seis

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Assim que as portas se fecharam, entendi que precisava bolar um plano, criar uma forma de salvar Nico, de retribuir tudo que ele havia feito por mim.

E de não perder o homem que eu amava.

Respirei fundo, mas antes que eu tivesse a chance de criar um plano na minha mente, Paolo segurou com força no meu braço e me arrastou pelo corredor.

A minha vontade era de matá-lo bem ali, mas isso seria arriscado, eu precisava de reforços, precisava de ajuda.

Eu precisava da Camorra e da Cosa Nostra, os nossos aliados e a minha família.

— Onde você vai me levar? — Perguntei de maneira ríspida.

— Calem essa mulher, a voz dela me irrita. — Foi Enrico quem falou.

Paolo revirou os olhos.

— Me responde uma coisa, seu maluco. — Olhei para o irmão de Nico. — Você me pediu a cabeça da Luna por pura birra, não é? Não tinha nada a ver com atacar o Lorenzo.

Enrico deu uma risada.

— Aproveitei a oportunidade para matar dois coelhos com uma cajadada só. — Ele respondeu. — Mas o seu amante quase estragou tudo fazendo aquilo com o corpo dela.

Engoli em seco.

Notei que Paolo estava indo na direção dos quartos, meu coração saltou no meu peito.

— O que você vai fazer comigo? — Perguntei, assustada.

— Tirar esse feto da sua barriga — Ele respondeu, me fazendo estremecer.

— Eu não estou grávida. — Falei secamente. — Não tem nenhum bebê.

Paolo parou, assim como Enrico, e me encarou por um momento, suas sobrancelhas se franziram e ele negou com a cabeça.

— Eu não acredito em você, não é atoa que o Nico a chama de trapaceira. — Ele continuou a caminhar e a me arrastar pelo corredor.

Assim que chegamos no meu quarto, Paolo me jogou ali dentro, para a minha surpresa havia um médico ali.

Olhei em choque para os dois, Enrico não havia ficado para ver aquele show de horrores.

— Ela disse que não está grávida, eu exijo que você a examine.

A voz do Paolo fez o meu ódio por ele aumentar.

Paolo sentou-se na poltrona e o médico apontou para a cama.

Engoli a vontade de chorar e me deitei ali, pronta para aquele exame invasivo, o mesmo exame que meu pai obrigava fazer em mim todos os malditos anos que passei naquela casa.

Alguns minutos depois o médico indicou para eu fechar as pernas e o obedeci.

— Bom, ela realmente nunca esteve grávida, a jovem não mentiu. — Era nítido o ódio nos olhos acinzentados daquele homem, ódio dirigido a Paolo.

O traidor deu um suspiro e olhou confuso para mim.

— Mas ela vomitou, grávidas vomitam, não?

O médico olhou com impaciência para Paolo.

— É evidente que só um vômito ou menstruação atrasada não são indícios para uma gravidez, afinal, estresse causa isso também. — O médico se levantou e ajeitou as roupas, mas no momento em que Paolo virou-se para abrir a porta, o doutor jogou um bisturi perto de mim, que peguei imediatamente.

Ele queria me dar uma chance de sair dali.

Antes que eu pudesse demonstrar qualquer indício de gratidão, ele saiu de perto da cama e passou por Paolo, que olhou uma última vez na minha direção e fechou a porta, o barulho da tranca girando fez o meu estômago embrulhar.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora