Capítulo dez

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Assim que me aproximei de Nico, minhas mãos tocaram nas suas e seus olhos encontraram os meus.

— Posso fazer isso. — Sussurrei. — Deixa eu te ajudar.

Nico me olhou indeciso.

— Eu não sei se confio em você com uma arma. — Ele falou baixo, novamente um barulho veio do lado de fora. — Foi com uma dessa que você matou a minha irmã e o seu pai.

Fechei os olhos e assenti.

Eu entendia a desconfiança dele comigo, eu compreendia de verdade e me arrependia por matar Marco, por agir cega pelo ciúme ao matar a Luna.

Mas aquela situação era diferente.

Se alguém tivesse tentado entrar, teria provavelmente conseguido.

O que quer que fosse, estava perto.

— Nico, por favor. — Implorei.

Eu temia que ele não conseguisse agir no momento certo e todos nós morrêssemos.

Nico assentiu a contragosto e desamarrou meus pulsos, o cabo da arma estava quente na palma macia da minha mão. Nossos olhos se encontraram por um instante e eu assenti devagar. Observei Nico tirar uma adaga afiada de debaixo da mesa de canto e abrir a porta. Contudo, assim que ouvi os passos, me coloquei à frente de Nico e comecei a atirar, fiz da exata maneira que Filippo me ensinou.

Sempre na cabeça para não dar chance do alvo escapar.

E naquele momento toda a adrenalina de dez anos atrás tomou o meu corpo e o sentimento de prazer que eu sentia ao ter a arma vibrando na minha mão, voltou.

Toda a vergonha de matar acabou.

Um sorriso cruel surgiu nos meus lábios e os meus olhos estavam focados em cada um dos idiotas que haviam tentado entrar na minha casa.

Eu tinha uma boa mira e era ágil, mesmo com todo aquele tempo sem atirar, minhas habilidades não haviam se perdido nos anos. Contudo, eu não vi um dos invasores se aproximando de mim, eu estava tão focada naqueles que subiam as escadas, que não prestei atenção e nem pensei na possibilidade de já ter alguém no andar de cima. Contudo, antes que o intruso pudesse fazer algum mal a mim, Nico passou a adaga no seu pescoço e o homem caiu do meu lado, olhei para o meu marido e seu rosto estava assustador.

Seus olhos brilhavam com uma selvageria que, ao mesmo tempo que me excitava, me deixava apavorada.

— Tome mais cuidado da próxima vez. — Sua voz estava completamente diferente do costumeiro tom de deboche.

Assenti e voltei a atirar em qualquer pessoa que subisse as escadas, logo os invasores cessaram, e nosso piso estava cheio de corpos.

Nico se aproximou de um deles e levantou a manga da jaqueta preta, um brilho de reconhecimento surgiu no seu olhar.

— Você sabe quem é? — Perguntei.

Ele assentiu.

Ajoelhei-me do seu lado e observei o que o havia deixado tão tenso, era uma tatuagem com o desenho de um círculo em chamas e facas cruzadas, olhei para Nico, confusa. Eu não fazia ideia do que aquilo significava.

Ele pegou o celular e ligou imediatamente para Paolo, que atendeu igualmente rápido.

Nico colocou no viva-voz e olhou para mim.

Nico? — Paolo murmurou entediado. — O que aconteceu?

— Fomos atacados. — Ele falou tenso. — Por uma máfia que não fazia ideia do meu paradeiro.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora