Epílogo

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Três anos depois...

Do meu quarto eu conseguia ouvir a risada de Luiza e Marco, brincando com o pai mais babão da face da Terra.

Mesmo estando quase atrasados para a festa de aniversário das minhas sobrinhas, filhas de Marina, Nico não deixava de tirar um tempinho para fazer cócegas nos nossos lindos gêmeos idênticos. Um casal de quase três anos, que só se diferenciavam pela cor dos cabelos, enquanto Luiza possuía cabelos cor de ébano, Marco era ruivo como eu.

Depois de algumas semanas de toda aquela confusão na ilha dos Lombardi, eu descobri que realmente estava grávida, que o doutor havia mentido para proteger os bebês dentro de mim. No dia em que descobrimos, não consegui conter a emoção e chorei, Nico foi muito companheiro nesse momento, pois ele chorou comigo.

Depois de todo o choque e emoção, Nico decidiu que seria melhor que nos mudássemos imediatamente para Nova Orleans, por ser onde o Crimin havia designado nosso lar e o nosso clã: o clã Lombardi.

Nico cuidava da família de lá e havia me nomeado subchefe, a pessoa que ele mais confiava na vida. Mary estava conosco e os pais de Nico todos os dias jantavam na nossa casa.

A mãe dele, a cada dia que passava ficava pior do Alzheimer, mas ela nunca esquecia de trazer chocolate para mim, uma coisa que senti muito desejo na minha gravidez. Francesco e sua mulher me tratavam bem, apesar do que havia acontecido. Felizmente, a notícia de que seriam avós tornou tudo mais fácil, inclusive comemoramos o nosso primeiro natal todos juntos assim que os gêmeos nasceram.

Marco amava caminhar com o avô e ouvir suas histórias e Luiza adorava pentear os cabelos de Silvia. Nossos pequenos eram amados por todos e ter aquela família era o maior presente que eu poderia ter.

Até recentemente, quando comecei a sentir muitos enjoos, quando minha menstruação cessou e eu percebi que meu corpo estava diferente, até Nico percebeu que eu estava com os seios maiores e muito irritadiça, e ali estava eu, num banheiro de hotel em Seattle, segurando um teste de gravidez positivo e quase pulando de alegria.

Assim que descobri que realmente estava grávida de gêmeos, eu fiquei amedrontada, fiquei com medo de ser uma péssima mãe, mas todos esses medos sumiram quando eu os peguei nos braços pela primeira vez.

Luiza gritava com toda a força, sua testa ainda estava cheia de sangue e os cabelos escuros estavam grudados na cabeça. Quando toquei na sua bochecha, suas mãos seguraram meus dedos com força e naquele momento eu soube que o meu amor por ela era o mais profundo que poderia existir, eu jamais faria algum mal a minha filha, eu daria minha vida por ela.

Marco já era mais quieto e havia algo na sua maneira de olhar para mim que me lembrava o meu pai. Não o homem que me colocou no mundo, mas sim o homem bondoso que me criou, que me deu amor e um sobrenome, que me deu uma família e irmãs maravilhosas. Assim que nossos olhares se encontraram, eu soube que aquele bebezinho tinha que se chamar Marco e que eu seria a melhor mãe que ele poderia ter, que eu daria a minha vida para fazê-lo feliz.

— Meu amor. — Nico falou atrás da porta do banheiro, tirando-me dos meus devaneios. — Está tudo bem? Já estamos atrasados.

Inspirei profundamente.

— Estou bem. — Falei abrindo a porta do banheiro e mostrando o teste de gravidez.

O rosto de Nico se iluminou quando ele percebeu o positivo ali.

Não era segredo para ninguém que ele queria mais filhos, não era segredo para ninguém que ele esperava ter um time de basebol.

— Céus, Anna. — Lágrimas rolaram dos seus olhos. — Vou ser pai de novo, pela terceira vez?

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora