Capitulo vinte três

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Quando chegamos no local marcado, não havia sinal de que alguém havia passado por ali, estava completamente abandonado.

— Vamos entrar. — Francesco falou saindo do carro e indo em direção às escadas da casa na árvore.

Nico suspirou e foi atrás do pai.

Desci do carro e caminhei pela grama alta, que faziam cócegas nas minhas pernas, eu ainda estava vestida com o robe, eu não iria simplesmente pedir para eles me esperarem trocar de roupa, era uma situação que exigia rapidez.

Caminhei em silêncio durante um tempo e ouvi um barulho de choro, segui na direção dos barulhos e encontrei uma mulher com muitas linhas de expressões no rosto. O seu corpo magro estava coberto por uma camisola de algodão que iam até os calcanhares, os cabelos negros caiam pelos ombros e ela abraçava um urso de pelúcia rosa.

Aproximei-me dela calmamente.

A mulher me olhou, confusa.

— Onde eu estou? — Ela choramingou. — Estou tão perdida, minha filha.

Ajoelhei-me do seu lado.

— Você está no seu enorme jardim. — Falei com um sorriso. — O seu marido está procurando por você e o seu filho também.

A mulher me olhou em silêncio, seus olhos eram tão negros que pareciam dois enormes botões.

— Enrico voltou? — Ela perguntou num sussurro.

Engoli em seco e neguei.

— Domenico. — Murmurei. — Domenico voltou.

A mulher assentiu, devagar.

— Não me lembro de vir para cá. — Ela apertou o ursinho rosa. — E nem de segurar esse urso.

Franzi a testa.

Será que ela tinha apenas depressão ou alguma outra doença a assombrava?

Eu sabia que só havia uma maneira de fazer a mãe de Nico me acompanhar, eu precisava conquistar a confiança dela, eu era uma estranha e isso deveria assustá-la. E não podíamos esquecer que ela não se lembrava de ter ido parar ali, o que tornava tudo pior.

Pensei em como conseguir acalmá-la.

— A noite hoje está maravilhosa, não acha? — A mulher assentiu. — Talvez tenha sido isso.

Sentei-me do seu lado.

Ela suspirou.

— É bem provável, eu sempre gostei das estrelas. — A mãe de Nico murmurou. — Francesco me deu um telescópio no meu aniversário, todo mundo me achava estranha por gostar do universo, menos o meu Francis, ele sempre me apoiou. — Sorri, eles pareciam mesmo se amar.

Olhei para o céu estrelado.

— Eu sempre gostei das estrelas também. — Falei baixinho. — Sempre senti uma paz ao observá-las.

Seus olhos escuros brilharam.

— Exatamente, elas possuem uma oscilação tão tranquilizadora. — Ela respondeu com um suspiro. — Eu me sinto mais em paz olhando para cima do que para as coisas que acontecem ao meu redor.

Abri um sorriso triste, a mãe de Nico parecia mais relaxada e um sorriso cansado brincava no seu rosto, seus dedos tamborilavam no nariz do ursinho.

— Quem é você? — Ela me perguntou, ainda olhando para o céu.

Mordi meu lábio inferior.

— Sou a esposa de Domenico. — Respondi baixinho.

A mulher olhou para mim, pensativa.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora