Capítulo vinte e nove

2.4K 260 72
                                    

O meu erro sempre foi ser impulsiva.

Sempre foi deixar a raiva e a mágoa me guiar.

Não foi diferente dessa vez e me arrependi no instante que Nico saiu magoado do meu quarto.

No entanto, eu era orgulhosa demais para ir atrás dele e pedir desculpas, eu também não conseguia acreditar em mais nada. A confiança era uma fina corda que poderia se quebrar facilmente.

E foi isso que aconteceu.

Nico havia mentido para mim, havia me usado para uma vingança, para subir no cargo de chefe e acreditava que tudo iria se resolver ao dizer estar apaixonado por mim.

Eu não acreditava naquilo.

Sentei-me no batente da janela e observei a paisagem, não demorou muito para o carro de Nico passar em alta velocidade pela estrada de asfalto até onde levaria ao portão.

Engoli a vontade de chorar.

Eu havia jurado que não choraria por mais nenhum homem.

Depois de algumas horas, sentada no batente da janela e observando o céu escurecer, respirei fundo e decidi que iria sair daquele quarto e descobrir para onde Nico havia ido.

Assim que cheguei no andar de baixo, Paolo apareceu com uma caixa nos braços e um envelope cor de creme.

— O que é isso? — Perguntei apontando para a caixa.

Paolo colocou no terceiro degrau da escadaria.

— Enfeites de Natal. — Ele murmurou. — Nico pediu que eu comprasse antes de vocês partirem para a ilha.

Assenti, sentindo um bolo se formar na minha garganta.

Eu acreditava que ele esquecera do meu pedido envolvendo enfeitar toda a casa com coisas natalinas depois do ataque que tivemos.

— E isso aqui ele pediu para entregar a você.

Franzi a testa e peguei o papel retangular.

Caminhei até o escritório e fechei a porta, sentei-me na poltrona mais próxima e abri o envelope.

Era uma carta extensa.

Respirei fundo para criar coragem e começar a ler.

Minha trapaceira

Talvez eu seja um tolo por ser completamente apaixonado por você, talvez isso morra e eu torço muito para isso acontecer. Eu já compreendi haver apenas uma pessoa para ocupar um lugar no seu coração e essa pessoa não sou eu.

Quando eu me casei com você, fiz isso porque Lorenzo queria que Lianna herdasse o que era de direito dela, mas principalmente porque ele queria me fazer escolher entre o cargo de chefe e você.

Eu não pude escolher entre você e o cargo.

Na época eu acreditava ser em nome do meu ódio o fato de querer continuar mantendo você por perto. Contudo, ao escrever essa carta percebo que naquela época eu já era atraído por cada átomo seu e era por isso que eu sempre ficava ansioso para ir te perturbar no porão, quando você se mudou para o andar de cima só facilitou tudo para mim.

Eu nunca me encontrei com a Arya depois que nos casamos Eu fingi estar em ligação com ela, eu dormi no meu escritório e pedi que a pobre Catarina arrumasse perfume feminino e batom vermelho para deixá-la com ciúmes, não porque fazia parte de um plano idiota e sim porque eu queria provocá-la.

Eu estava com ciúmes do Sandro.

Anna, eu sinto ciúmes dele todos os dias e muita inveja por ele conseguir o amor da mulher mais linda do mundo, você.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora