Capítulo dezessete

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Eu estava entediada demais com as conversas das esposas do chefes e dos soldados, eram sempre os mesmos assuntos e eu sentia um receio delas comigo, por isso pedi licença e menti que iria ao banheiro, mas quando passei pelo escritório e ouvi um gemido feminino...

Quando eu abri a porta e vi Nico apalpando o seio da Arya...

Naquele momento eu não pensei, só agi.

Eu nunca xingava, exceto quando estava muito nervosa.

Eu não fazia ideia de que vê-los iria me afetar tanto, mas me afetou. E agora eu estava parada na frente de Nico com os braços cruzados me segurando para não dar na cara dele também.

— Você é um desgraçado. — Sibilei. — Eu me matei a noite toda para ser a imagem perfeita de uma esposa apaixonada pelo seu marido e você fica aqui com a sua amante? — Meu corpo todo tremia.

Nico passou a mão pelo queixo e me olhou.

— Ajudaria se eu falasse estar pensando em você? — Ele perguntou.

Bufei, que sem-vergonha.

— Não, porque sei que é mentira. — Cuspi as palavras. — Você é um porco como todos os outros homens.

Nico negou com a cabeça.

— Estou sendo fiel a um casamento que não é real. — Ele suspirou. — A uma esposa que prefere sonhar com o amante morto do que perceber que eu existo. — Olhei em choque para Nico. — Preciso usar a minha mão para aliviar o tesão que você causa em mim, porque você simplesmente não me deseja, Anna.

Notei que ele estava levemente bêbado e talvez fosse o álcool fazendo efeito.

Neguei com a cabeça.

— Não é bem assim. — Sussurrei. — Você está errado.

— Estou, Anna? — Ele falou com um sorriso de poucos amigos. — Em que parte exatamente, meu amor? — Era visível o deboche na sua voz.

Engoli em seco.

— Na parte em que você acredita que eu não te desejo. — Falei num sussurro.

Notei toda a pose arrogante de Nico cair por terra e seus olhos me encararam desconcertados.

— O quê? — Ele murmurou rouco.

— Sinto coisas quando você me beija. — Olhei para os seus ombros, eu não conseguia olhá-lo nos olhos. — Toda vez que você está me beijando, eu sempre quero mais do que um beijo e eu não sei lidar com isso.

Nico assentiu, devagar.

— Eu também. — Ele se aproximou devagar de mim e tocou no meu queixo. — Você...

— Nico, — murmurei. — Sei que se você fizer mais do que simplesmente me beijar, vai se sentir culpado no outro dia, eu sempre serei a assassina da sua irmã e isso não vai mudar. — Fiz uma pausa. — Não quero dormir com alguém que se arrependa depois.

Nico assentiu devagar e se afastou.

— Você tem razão. — Ele murmurou. — O que você fez...

Suspirei.

— Sei que isso não vai mudar as coisas, mas peço perdão pelo que fiz. — Falei baixinho.

Nico me olhou em choque e se sentou na poltrona mais próxima, seus olhos estavam fixos em mim e ele estava em silêncio.

— O que aconteceu naquela noite? — Sua voz estava falha.

Engoli em seco.

Eu nunca havia contado de fato o que havia acontecido, nem mesmo para Lianna, sempre assumi a culpa de tudo, aceitei tudo que me falaram e nunca procurei me defender, mas eu sentia ter a necessidade de provar que era uma boa pessoa para Nico e eu não entendia o porquê.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora