Assim que abri meus olhos, um teto claro entrou no meu campo de visão, sentei-me na cama macia e observei o quarto.
Era claro e com uma janela de blindex fechada por uma cortina branca.
Eu não me lembrava de ter pegado no sono, eu estava decidida a fingir estar dormindo porque não queria conversar com Nico, não depois daquele beijo falso, mas que despertou sentimentos muito reais em mim.
Após realizar minhas higienes, desci as escadas e encontrei Nico e Paolo conversando em voz baixa.
— Eu não acho uma boa ideia ir para lá. — Nico murmurou, contrariado. — Eles não a suportam.
Paolo suspirou.
— Aquele é o lugar mais seguro para vocês no momento. — Franzi a testa.
— Que lugar? — Perguntei me aproximando da mesa.
Nico coçou a bochecha.
— A casa dos meus pais. — Ergui as sobrancelhas, chocada.
— Eles me odeiam. — Falei.
— Eu sei. — Ele olhou para o amigo.
Paolo deu um longo suspiro.
— Eles moram em uma ilha protegida pelos melhores soldados da 'Ndrangheta, lá tem espaço o suficiente para vocês, afinal, o próprio Nico tem uma casa lá.
Ergui as sobrancelhas, mais surpresa ainda.
— Quão rico você é, Domenico? — Perguntei sentando-me na cadeira vazia.
Nico deu um sorriso de lado.
— Muito. — Ele falou maliciosamente.
— Bom, vou começar a providenciar a viagem de vocês. — disse Paolo.
Suspirei.
— A Catarina voltou para a casa dos pais dela?
Eu não queria pensar na pobrezinha, mas eu acreditava que depois daquele trauma, ficar com os pais seria a melhor coisa.
Nico assentiu.
Paolo levantou-se.
— Comecem a preparar a mala de vocês, creio que amanhã...
— E o jantar? — O interrompi contrariada, eu havia tido tanto trabalho.
Nico olhou para Paolo, como que pedindo ajuda, mas o amigo apenas deu de ombros e saiu andando da sala de jantar.
Olhei para Nico, furiosa.
— Passei a tarde toda preparando aquele maldito jantar. — Sibilei. — Não me diga que simplesmente não vai existir?
Nico deu uma risadinha.
— Qual é a graça?
— Se é um maldito jantar, por que todo esse esforço para ele acontecer? — Ele perguntou.
Levantei-me mais irritada ainda.
— Porque eu nunca tive meu próprio jantar. — Falei secamente. — Porque nunca me consideraram capaz de preparar um, porque pela primeira vez realizei algo tão comum que nem parecia real, porque...
Nico passou os braços pelo meu ombro e me abraçou, me interrompendo.
— Tudo bem, podemos fazer aqui o jantar. — Assenti, tensa com o seu abraço.
Nico não era um homem assim, ele era irritante, gostava de me provocar.
Afastei-me dele e franzi meus olhos.
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A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4
Romance[QUARTO LIVRO DA SÉRIE: OS MAFIOSOS] Traidora, psicopata, trapaceira, maluca e assassina. Esses eram só alguns dos adjetivos que deram a Anna, a traidora da família Marchetti, a culpada por matar seu pai, seu marido e a falecida e íntegra esposa de...