Capítulo onze

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Assim que abri meus olhos, um teto claro entrou no meu campo de visão, sentei-me na cama macia e observei o quarto.

Era claro e com uma janela de blindex fechada por uma cortina branca.

Eu não me lembrava de ter pegado no sono, eu estava decidida a fingir estar dormindo porque não queria conversar com Nico, não depois daquele beijo falso, mas que despertou sentimentos muito reais em mim.

Após realizar minhas higienes, desci as escadas e encontrei Nico e Paolo conversando em voz baixa.

— Eu não acho uma boa ideia ir para lá. — Nico murmurou, contrariado. — Eles não a suportam.

Paolo suspirou.

— Aquele é o lugar mais seguro para vocês no momento. — Franzi a testa.

— Que lugar? — Perguntei me aproximando da mesa.

Nico coçou a bochecha.

— A casa dos meus pais. — Ergui as sobrancelhas, chocada.

— Eles me odeiam. — Falei.

— Eu sei. — Ele olhou para o amigo.

Paolo deu um longo suspiro.

— Eles moram em uma ilha protegida pelos melhores soldados da 'Ndrangheta, lá tem espaço o suficiente para vocês, afinal, o próprio Nico tem uma casa lá.

Ergui as sobrancelhas, mais surpresa ainda.

— Quão rico você é, Domenico? — Perguntei sentando-me na cadeira vazia.

Nico deu um sorriso de lado.

— Muito. — Ele falou maliciosamente.

— Bom, vou começar a providenciar a viagem de vocês. — disse Paolo.

Suspirei.

— A Catarina voltou para a casa dos pais dela?

Eu não queria pensar na pobrezinha, mas eu acreditava que depois daquele trauma, ficar com os pais seria a melhor coisa.

Nico assentiu.

Paolo levantou-se.

— Comecem a preparar a mala de vocês, creio que amanhã...

— E o jantar? — O interrompi contrariada, eu havia tido tanto trabalho.

Nico olhou para Paolo, como que pedindo ajuda, mas o amigo apenas deu de ombros e saiu andando da sala de jantar.

Olhei para Nico, furiosa.

— Passei a tarde toda preparando aquele maldito jantar. — Sibilei. — Não me diga que simplesmente não vai existir?

Nico deu uma risadinha.

— Qual é a graça?

— Se é um maldito jantar, por que todo esse esforço para ele acontecer? — Ele perguntou.

Levantei-me mais irritada ainda.

— Porque eu nunca tive meu próprio jantar. — Falei secamente. — Porque nunca me consideraram capaz de preparar um, porque pela primeira vez realizei algo tão comum que nem parecia real, porque...

Nico passou os braços pelo meu ombro e me abraçou, me interrompendo.

— Tudo bem, podemos fazer aqui o jantar. — Assenti, tensa com o seu abraço.

Nico não era um homem assim, ele era irritante, gostava de me provocar.

Afastei-me dele e franzi meus olhos.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora