Problem - Jiara

CAP 36

Kiara Carrera

Entro no meu quarto e ouço um violão sendo dedilhado e uma voz suave o acompanhando, caminho até a janela e me deparo com Jj dedilhando seu velho amigo, o violão que tem desde dos quinze anos.

Me pego hipnotizada, seu jeito de dedilhar o violão mostra que está longe, seus pensamentos estão por aí enquanto a música flui do violão. Começo a prestar atenção na letra me encostando no arco da janela.

- Picture perfect, you don't need no filter. É, ela é linda e não precisa de nenhum filtro. - Ele pausa antes de continuar.

- O que você está fazendo comigo Kiara Carrera?!

Diz mas creio que não é para mim diretamente pois seus olhos estão focados no violão ao seu colo.

Entro em meu quarto sorrindo como uma idiota, então esse é o lado bom de se apaixonar? O frio na barriga, as borboletas no estômago, os sorrisos
bobos, a saudade momentânea do toque. Merda, se apaixonar é incrível! Mas uma pequena pulga atrás da orelha me avisa, o começo é sempre bom mas depois tudo desanda. Valeu consciência por arruinar o momento.

Mas uma vez deixo isso para lá, estou indo contra todos meus pensamentos, estou agindo pelo coração, pelos batimentos acelerados que só Jj é capaz de fazer. Eu queria enteder o poder que ele tem sobre meu coração, o jeito que se instalou nele de uma forma tão espontânea e momentânea, me surpreendo como me abri tanto para uma pessoa ao ponto de me confundir com os meus próprios pensamentos.

Contrariar minhas promessas e me aventurar no abismo com uma pedra pendurada no pé, eu adoro desafios mas com o amor não se brinca, ele pode restaurar seu coração quanto pode quebrá-lo em milhares de micro pedaços.

Isso que mais me assusta, não poder me sertificar disso, sempre tive certeza de algo antes de mergulhar fundo, não consigo sertificar se isso dará certo, tudo é um ponto de interrogação. Tudo vem com manual de instrução, por que o amor não?

É tão complicado para alguém que nunca amou antes, como parar de pensar e só viver, aproveitar."Deixe rolar..." a voz de Jj surge em minha mente. Até em meus pensamentos solitários ele está presente me dando conselhos.

É, irei deixar rolar e ver no que dá, a vida é feita de riscos, aprendemos a cair e nos levantar, sempre seguir em frente e nunca parar por medo. Preciso pensar em aproveitar e não me preocupar com o que pode dar errado.

Jj Maybank

Pela primeira vez na vida eu não penso nessa viagem como uma forma de me afastar da minha família, sempre íamos para lá e eu preferia passar os dias em festas, de ressaca dormindo capotado na cama. Mas dessa vez será diferente, quero aproveitar cada segundo com ela, experimentar coisas que não fazia quando estava, como posso dizer, solteiro? Eu não namoro mas também não sou solteiro, é confuso.

- Jay? - Minha mãe me chama através da porta em seguida ela abre a mesma.

- Sairemos no final da tarde, Santa Bárbara nos espera! - Me avisa alegre antes de fechar a porta.

São uma hora e quarenta minutos daqui até Santa Bárbara, nosso destino fixo de quase todas as viagens. O lugar é lindo, minha irmã convenceu nossos pais a comprarem uma casa lá para termos um local fixo para passar nossas férias.

Já causei alvoroços naquelas areias, sempre arrumando dor de cabeça para minha mãe. Podemos dizer que os salva-vidas não gostam da minha presença, pois não respeito as regras. Eu gosto do perigo, a adrenalina me faz sentir vivo. Já nadei até uma distância considerada perigosa para banhistas, por isso eles me detestam.

Já quero pilotar o Iate, me sinto livre, me afastar da cidade e respirar ar puro. Sentir a brisa suave no rosto enquanto piloto o barco, não tem coisa melhor, ou talvez tenha, se a morena mais linda estiver comigo ficará ainda melhor, Santa Bárbara nos espera.

Após minha pequena mala estar pronta mando uma mensagem para Jonh b dizendo que passarei o feriado na casa de praia, o mesmo não poderia perder a oportunidade de jogar indireta falando que deveria usufruir de cada canto da casa com a Kie, se você me entendi.

Pela primeira vez eu sinto vontade de ir para lá, estou animado com essa viagem, estamos no último ano de faculdade e está sendo puxado, provas e mais provas decisivas que definem se você se forma. Estou fazendo faculdade de publicidade, pois é, não é muito minha cara mas foi a cadeira que pareceu menos chata. Passar quatro anos cursando publicidade me surpreendeu, não achei que aguentaria nem o primeiro ano, mas consegui chegar até o final por surpresa do destino.

Espero que tudo isso tenha válido apena, foram anos me especializado na área, espero que isso me faça bem. Não quero ser uma vergonha pra minha família, apesar de ter essa fama, eu quero ser alguém na vida, um badboy responsável como diria a Kie. E novamente ela surge em meus pensamentos, dominando todos eles, a cada coisa que faço algo me lembra ela.

Afasto esse pensamento pois estou começando a ficar dependente dela
e isso me assusta, na realidade essa coisa de sentimento me assusta, nunca passei por essa experiência e isso me deixa sem saber o que fazer, para onde seguir. Tenho que organizar meus pensamentos e parar de ter paranoias e principalmente imaginar Kiara em minha cama.

Depois de tudo pronto desço as escadas encontrando meu irmão jogando seu vídeo game favorito, me junto a ele e iniciamos uma partida dupla para disputarmos quem lavaria a louça do jantar, é assim que dois homens maduros resolvem suas discussões e dúvidas, agindo como dois completos idiotas.

- Você gosta dela não é? - Jaden pergunta sem tirar os olhos da TV.

- Eu não sei dizer o que eu sinto por ela, eu sei que sinto algo mas não sei como denominar isso.

- Isso é amor seu idiota. - Diz e percebo que não diz em brincadeira.

- Tenho medo de ser. 

- Você tem medo de se entregar a alguém e no final acabar na merda?
- Pergunta e sorrio.

- Isso mas você foi um pouco explicito. Lhe corrijo e o mesmo sorri. - Eu não me imagino sem a Kie mesmo que seja algo recente.- Digo ao me inclinar para trás no sofá.

- Para ela é algo recente, você acha que não percebi que você gosta dela desde que éramos pequenos? Já ouvi a história de vocês falada pelo nossos pais que sei de trás para frente. - Diz me fazendo rir.

- Esse negócio entre vocês já existia mas demoraram a descobrir e pelo jeito você descobriu primeiro. - diz me fazendo sorrir - É irmão, você está completamente apaixonado. - Completa me fazendo pensar.

Ele pode estar certo, sempre esteve ali mas não percebiamos. As implicâncias e os apelidos, isso é tão filme clichê.

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