Empatia

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Nunca cheguei a pensar sobre o assunto, mas quando alguém falou. Não acreditei, e para o meu desgosto fui pego de surpresa.

Todos os garotos tinha que banhar em um quadrado banheiro onde os chuveiros estavam dispostos nas extremidades da parede e não havia compartimento. Havia diversos banheiros. A zona de higiene pessoal ficava a dois corredores do corredor onde ficava os quartos.

No primeiro dia de treino, depois da grande experiência de ver pênis moles dos meus colegas (para falar a verdade eu não fiquei olhando para não levantar suspeitas de interesse). Todos nós ficamos em fila no meio do sol com camiseta branca e a calça jeans camuflada. Em posição de sentido.

Tivemos que fazer cinquenta flexões. Correr em fila indiana com um tronco de árvore pesado. O garoto magricela caiu duas vezes.

Não foi algo bom.

- Levante seu verme, você é fraco como sua mãe ou forte como seu pai?! - foi encorajamento do sargento Quintamante.

Seus berros me deu arrepios, mas eu permaneci de pé. Ninguém pôde ajudar o garoto magricela, até que o sargento berrou que ele fosse pagar mais cinquenta flexões.

Depois do tronco no ombro. Tivemos que correr abaixados em lugares repleto de lama fedida. Eu fui empurrado pelo menos dez vezes, mas sempre me mantive intacto.

Quando aquele treino acabou eu e os demais tivemos que ir tomar um banho. Nenhum de nós estava preocupado em mostra a bundo ou o pau, estávamos cansados.

Então, depois de limpos tivemos que retornar para uma sala. Parecia ser uma sala de aula, apesar das carteiras serem pequenas demais para nós. Eu lancei um olhar para o garoto magricela. Enquanto o sargento Quintamante começava a falar.

- Muito bem senhores, hoje o trabalho foi duro. Amanhã será assim, e depois se amanhã também e até quando vocês forem embora. Mas...

Ele fez uma pausa dramática. Alguma coisa naquele homem não me agradava.

- Temos uma garota entre nós, rapazes! - ele exclamou vários garotos com sede de ver outros garotos se dando mal deu risada com deboche um deles foi o garoto do meu quarto, Júlio.

Todos nós procuramos a tal garota que ele disse. A princípio eu pensei que era uma transexual, mas acho que não. Quero dizer, eles fazem o teste de pegar no pau dos garotos justamente para não se surpreenderem com esse tipo de problema.

- Saldado! - ele exclamou e todos nós nos assustados - aproxime-se, caro e delicado Mikelangelo.

Era o garoto magricela que havia caído. Tinha o rosto vermelho de vergonha. Depois que a ficha caiu, ele era gay. Seus gestos delicados não foram a única coisa que percebi.

Ele se ergueu desajeitado.

- Venha até aqui. - pediu o sargento num sussurro.

Ele foi e ficou de frente para todos. Ficamos observando segurando a respiração. O que iria acontecer? Ele seria punido?

- Senhores, contemplem a nossa garotinha. Mikelangelo gosta de garotos.

Houve gritos de deboche e risadas de apreciação. Não gostei disso, não mesmo. Eu fiquei nervoso e nem era comigo. Senti empatia pelo garoto chamado Mikelangelo; estavam sendo ridículos.

- Vocês podem acreditar, mas esse tipo aqui, nunca chegará aos pés de homens fortes e capazes de pegar mulheres. - ele usou o garoto como exemplo.

Eu me ergui. Meus pés não estavam agindo conforme o meu cérebro mandava que era "não faça isso, não faça isso". Mas o meu coração ordenava que eu continuasse. Eu fiquei do lado do Mikelangelo. E de cabeça erguida e com um aparente deboche no meu rosto eu disse:

- Também sou uma menina! O sexo feminino é sinal de fraqueza para vocês, pois eu prefiro ter fraqueza do que não ter nada no meu cérebro.

Eu respondi com o corpo queimado de nervosismo. Senti o olhar de Mikelangelo, mas eu não ia olhar para ele. Ia encarar aqueles garotos e aquele sargento ridículo.

- Vão sentar os dois - disse o sargento de forma contida.

Eu me arrastei para o meu lugar. Senti os olhos do garoto Júlio. Eu olhei para ele e ele fez cara de nojo. "É babaca, eu chupo rola, mas não a sua!" . Os minutos seguintes foram de assuntos relacionados ao que viemos fazer alí.

O fato de eu ter feito uma cena na frente do sargento não ficou em segredo. A poucos minutos todos os garotos estavam comentando e olhando para mim. Acredito que perdi os meus amigos de quarto que sentaram em grupos, exceto pelo garoto chamado júnior. Ele comeu sozinho em uma mesa.

Num piscar de olhos. Mikelangelo veio sentar ao meu lado.

- Eu não estou acreditando que você fez aquilo! - ele disse com os olhos brilhantes - você é minha heroína!

- Amiga, não iria deixar eles falarem daquele jeito com você e não levantar a bandeira que faço parte. - eu disse militante.

- Você acha que assim poderá ser expulsa? - perguntou Mikelangelo, aparentemente ele gostava de chamar outros gays por palavras no feminino. Gostei.

- Bom, se me expulsarem, eu sairei, tentarei ir para Portugal.

- Estou muito feliz que tenha feito aquilo. Me senti...dentro de um buraco escuro repleto de monstros que me dão medo. Você foi como um arco-íris que surgiu. O jeito que você se ergueu, foi épico.

Eu dei uma risada.

- Ora, ora mas se as garotinhas não estão planejando que vai chupar hoje - foi o ataque homofóbicos do Júlio.

Eu e Mikelangelo encaramos ele, em seguida voltamos a nossa atenção a nossa comida. Enquanto diversos garotos davam risadas.

- Nem acredito que eles viram nossos paus no banheiro! - disse outro garoto do círculo de amizade de Júlio.

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora