matar inocentes

475 36 1
                                    

Quando acordei, estava sozinho na barraca. Júnior provavelmente havia se retirado. Eu me arrumei e recolhi minhas coisas. Assim como todo mundo. O café foi frutas e suco dissolvido em água. Todos os outros saldados aguardavam a caminhada. O ônibus que havia nós trazido já não estava mais por perto, o que me deixou bem desanimado.

Depois de algumas horas, todos nós estávamos armados com nossos capacetes e coletes e bolsa nas costas. Minha bolsa devia pesar uns vinte quilos, mas depois de treinos e abdominais, o peso não era um grande problema. Todos nós nos reuniões ao redor de Quintamante.

- Saldados...agora iniciaremos uma das grandes missões. Precisamos mostrar que nós estamos fazendo o nosso trabalho, protegendo as nossas terras o que é nosso. Vocês foram treinados por meses, antes chegaram aqui como jovens fracotes e descartáveis - ele olhou para mim - depois de muito treinos, consigo ver o quão grandes vocês estão. Hoje vamos mostrar do que somos capazes. Vamos lutar contra a invasão desses Venezuelanos...não podemos permitir que eles venham procurar conforto dentro do que é nosso conforto.

Olhei para os lados com desconforto daquilo, será que ele não sabia nada do que essas pessoas vinham sofrendo.

-...Nesse momento, temos 52 saldados aqui comigo, vamos nos dividir em grupos. Lembro que vocês passaram horas na floresta...lembro que muitos aqui aproveitaram seus momentos de descanso, bem mais do que eu esperava- mais uma vez Quintamante olhou para mim, e dessa vez senti que ele estava se referindo a algo em específico -, temos aqui Júnior e Júlio...

"Dois grandes méritos, não digo que vocês não foram méritos, você também são! Mas esses dois, mereceram. E é por isso que iremos dividir em dois grandes grupos...mas eu quem vou fazer a divisão..."

Então a divisão ficou mais ou menos assim:

Vinte e cinco saldados ficaram com Júnior, e os outros vinte e cinco ficou com Júlio. Eu, Mike, Paulo e Marcelo ficamos no grupo do Júlio.

Júnior me encarou por horas como se precisasse dizer que não concordava com aquela divisão, mas Quintamante olhou para ele que desviou o olhar para dar atenção ao seu grupo.

- Agora vamos marchar naquela direção - Quintamante apontou na direção sul - lá fica o ponto de concentração.

Então, todos nós começamos a caminhar na direção sul. Não havia muita vegetação aonde estávamos mas o pouco de grama alta que havia nas ruas improvisadas dava de carros e caminhões passar. Caminhando e caminhando segurando uma carabina e me sentindo cada vez mais como um daqueles policiais bem armados eu segui os demais.

Então finalmente chegamos em ponto aonde toda aquela mata se transformava em árvores para um grande compo que se estendia pelo horizonte envolvido pelos troncos. No enorme espaço que havia ali, tinha vários saldados e policiais e moradores locais. Havia repórteres e mais repórteres fazendo gravações ou falando sobre o que acontecia ali. Eu para começo de conversa, não entendia nada do que estava acontecendo.

Primeiro, porque não estava acontecendo nada. Toda aquela gente reunida ali fazia parecer um festejo ou pareciam que estavam aguardando um famoso presidente se pronunciar para dar uma grande notícia.

- E nesse momento que vocês irão se dividir nos grupos - sussurrou Quintamante.

Respirei fundo e me juntei ao Mike que me encarou. Mike não era mais aquele garoto magricela do começo, sua altura e os músculos do seu corpo lhe deixou levemente atraente. Soltei uma risada, e engoli um comentário que fiquei com vontade de fazer a ele.

Júlio e seus seguidores íntimos (é  aparentemente Quintamante se preocupou em deixar os amiguinhos do Júlio com ele) seguiam a frente. Júlio chamou um policial que falava em uma HT em códigos.

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora